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Agronegócios
Segunda - 19 de Junho de 2006 às 09:58

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Na porção Norte do Estado o cultivo da oleaginosa em áreas irrigadas está impedido desde quinta-feira (15). A restrição vale até o dia 15 de setembro para os municípios da região.

Em Primavera do Leste (239 quilômetros ao Centro Leste de Cuiabá) região que concentra cerca de 90% da soja irrigada do Estado, a área irrigada artificialmente vai passar a ser nula.

Até a safra passada (05/06) o município plantou aproximadamente 10 mil hectares (ha) por meio desta técnica, conforme o presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste, José Nardes. Segundo ele, a medida é resultado de dois anos de diálogo entre agricultores e o poder público. Este é o primeiro ano que a medida está em vigor.

A portaria do governo federal com a determinação foi aprovada no dia 30 de dezembro do ano passado.

Nardes acredita que o vazio sanitário, como está sendo chamada a proibição do plantio de soja irrigada, vai reduzir a incidência da ferrugem asiática. Contudo ele destaca que os resultados efetivos serão conhecidos apenas na próxima safra.

O pesquisador do Programa de Proteção de Plantadas da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Fabiano Victor Siqueri, ressalta que somente 250 hectares de soja sob pivot serão cultivados em Mato Grosso entre junho e outubro. Destes, 120 hectares estão nas mãos da Fundação MT.

Ele explica que somente entidades que estão desenvolvendo pesquisas a fim de diminuir a incidência da doença e que produzem sementes genéticas estão autorizadas a plantar a segunda safra de soja. O pesquisador diz que ainda não é possível mensurar o resultado da medida. A expectativa é que haja redução na incidência do fungo. “Na próxima safra vamos conhecer os impactos, mas se conseguirmos atrasar o aparecimento da doença já será um grande negócio”.

Siqueri pondera que outros fatores podem fazer com que os efeitos do corte no plantio de soja irrigada não sejam os esperados. É o caso, por exemplo, da influência da Bolívia sobre as plantações mato-grossenses. Segundo ele o país vizinho colhe duas safras de soja por ano, devido à irrigação. Como a ferrugem asiática é uma doença que se propaga com o vento, a ocorrência do fungo no país vizinho pode comprometer as lavouras do Estado. “Mesmo diante das incertezas alguma coisa precisava ser feita”, exclama.

O presidente do Sindicato Rural de Primavera do Leste frisa que em média os agricultores do município gastam entre US$ 60 e US$ 70 por hectare com fungicidas, na tentativa de controlar a doença. Na última safra foram necessárias em média três aplicações para se conseguir um resultado satisfatório. Na última safra de inverno, no ano passado, da soja o município colheu 18 mil toneladas da oleaginosa.

O pesquisador da Fundação MT frisa que o fungo que provoca a ferrugem asiática se prolifera mediante condições climáticas favoráveis, como calor e umidade. A doença não está relacionada necessariamente ao volume de chuvas, mas sim ao tempo que a planta fica exposta à água. A sobrevivência do fungo fica mais difícil durante um inverno seco, como ocorre em Mato Grosso. No entanto, o cultivo de soja irrigada por pivot central cria um ambiente favorável para o fungo se manter vivo até o início da nova safra, que a safra de verão, a safra cheia de Mato Grosso, com cultivo iniciado a partir de setembro no Médio Norte e em meados de outubro nas demais regiões produtoras.





Fonte: Diário de Cuiabá

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