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Polícia Brasil
Domingo - 18 de Junho de 2006 às 08:19
Por: Adilson Rosa

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A prática do crime de extorsão dentro dos presídios é uma coisa comum e acaba forçando muitos jovens a fazerem o caminho de volta à vida do crime. Grupos organizados dentro das penitenciárias de Mato Grosso obrigam os presos em liberdade condicional a praticar crimes e o dinheiro arrecadado tem que ser entregue para a organização criminosa.

O valor do “mensalinho”, como é mais conhecido esse tipo de crime, varia de R$ 50 a R$ 100, conforme o relato de alguns presos. Muitos assaltantes que saem dos presídios acabam presos novamente, dias após ganharem a liberdade, por serem vítimas de extorsão.

A constatação ocorreu nos três Centros Integrados de Segurança e Cidadania (Ciscs) da Capital. Em depoimento informal (sem registro nos flagrantes), alguns presos admitem que são obrigados a entregar dinheiro para os bandidos. Com medo de serem executados, os preso nada declaram em termos oficiais.

Há familiares que também falam, embora informalmente – eles não aceitam emitir declaração por escrito. Mas relatam a policiais que os filhos são obrigados a pagar uma “taxa”. Ela é extensiva inclusive aos presos que não são viciados em drogas, mas que acabam pagando pela cocaína ou maconha daqueles que fumam.

O “mensalinho” é pago mesmo por quem não sofreu agressão alguma dentro da cela. Ao sair muitos acabam praticando assaltos para pagarem pela “proteção” que receberam e não conseguem mais se livrar da extorsão e da vida criminosa.

A reincidência dos jovens ladrões se estende para todo tipo de roubo. “Temos vários casos(de reincidência de roubo de carro) por aqui. É uma forma de realimentar o crime. Por isso é que os índices de furtos e roubos de veículos não diminuem”, observou a delegada Vera Rotilde, da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (DERFVA).

No Cisc do Planalto, um rapaz preso recentemente por tráfico de drogas disse que recebeu ordens de um preso da Penitenciária do Pascoal Ramos para transformar a casa numa “boca-de-fumo”. O criminoso ligou no telefone fixo de sua casa e preparou tudo. A droga vinha com um motociclista e o trabalho dele era vendê-la e mandar parte do dinheiro para o traficante preso.

“Os presos nunca declaram isso oficialmente. Nem para a própria família. Eles entram na prisão cegos, surdos e mudos. E saem da mesma forma”, explicou o delegado Antônio Carlos Garcia, que, em 2.001, era titular da extinta Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (Derrf) da Capital. Na época, as quatro celas da Delegacia, que funcionava no antigo prédio da avenida Fernando Corrêa, chegaram a abrigar 140 detentos.

Em alguns fins de semana, os policiais compravam cigarros e distribuíam para os presos. Em pouco tempo descobriram que alguns detentos tomavam as carteiras e revendiam, caracterizando o crime de extorsão. Os policiais, então, não forneceram mais cigarros. “Se numa Delegacia, isso ocorria, imagine então num presídio. A ação do criminoso é maior”, disse um ex-policial da Derrf.





Fonte: Díario de Cuiabá

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