Médicos reivindicam inclusão da pediatria no Saúde da Família
"O programa Saúde da Família, que é uma das principais políticas da saúde no Brasil, exclui o atendimento pediátrico à população", afirmou Campos. Segundo ele, a ausência de profissionais especializados no atendimento infantil desrespeita o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê o investimento na qualidade da assistência à saúde dessa parcela da população.
Na carta, dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a SBP diz que o Saúde da Família não garante a crianças e adolescentes o direito à "melhor medicina do seu tempo", inserindo o programa em "estratégias públicas simplificadoras, de baixo custo e pouca qualidade". "Isso acentua o fosso que separa cidadão de ?primeira e segunda classe? no Brasil".
Dioclécio Campos ressaltou que o atendimento pediátrico é essencial na prevenção e identificação de doenças nos primeiros anos de vida, como desnutrição e déficit de audição. "O médico que não é formado para a área de atuação é incapaz de reconhecer problemas que ocorrem nesse período, ou reconhece tardiamente, quando já se tornou um problema grave", disse ele. "Sem contar o caráter de prevenção, que é o componente essencial da prática do pediatra".
Segundo o estudo Avaliação da Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) nas unidades do Programa Saúde da Família no estado de Pernambuco , de 2003, apenas um terço dos profissionais fizeram investigação de três dos quatro sinais gerais de perigo que evidenciam a presença de doença grave que requer encaminhamento para unidades de saúde mais complexas. A pesquisa avaliou o atendimento dado a 203 crianças menores de cinco anos em 30 unidades de saúde.
O presidente da SBP explicou que, para se especializar em pediatria, o médico precisa fazer cinco mil horas em tempo integral de residência na área, o equivalente a mais dois anos de formação. No curso de medicina, as disciplinas específicas sobre criança e adolescente somam de 20 a 50 horas no currículo.
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