Ruma ao hexa Com novos objetivos
O primeiro grupo, em processo de encolhimento, tem Ronaldinho, famoso por suas jogadas de efeito, como principal porta-voz. Ontem, ele exaltou isso tanto no seu caso como o de Ronaldo. Ao dizer qual o caminho que o xará deve seguir para sair da má fase, o barcelonista apostou na fantasia.
"É difícil dar conselho para um jogador que viveu tanta coisa, tem tanta experiência por tudo que já viveu no futebol. A única coisa que falo para ele é para se divertir, fazer o que ele mais gosta com a maior alegria possível", disse Ronaldinho, que quer o mesmo para si.
"Acredito que tenho tudo para jogar com mais alegria. A estréia já passou, agora é nova etapa. O nosso objetivo é fazer um quarteto com muita alegria para pode fazer muitas jogadas de gols", afirmou o meia.
Mas o coro dos que dizem que o importante é vencer cresce. Na liderança, Emerson, que fala em público o que muitos acham entre quatro paredes.
"Show não ganha. Não adianta. Vamos fazer gol, não interessa como, de costas, de canela. Estamos aqui para ganhar a Copa. Não queremos sair daqui como a seleção que dá show e não ganha nada", disse o volante, um dos mais sacrificados pelo esquema do quadrado.
E ele não está sozinho. O zagueiro Juan dá como receita para a conquista do hexacampeonato uma fórmula que não tem nada de superofensiva.
"A gente quer ser campeão. E o mais fácil para isso é não sofrer gols. Assim, a gente já parte com o empate", disse ele.
A turma dos que ficam divididos entre o espetáculo e a pura eficiência também é numerosa. `Ganhar sempre é bom. Mas, se conseguirmos a vitória jogando bem, será melhor ainda", falou Roberto Carlos, em discurso parecido com o feito por seu chefe nas últimas semanas.
"Não sei quando, mas tomara que o Brasil possa vencer também com uma exibição de gala", disse Carlos Alberto Parreira, que dirigiu uma seleção ícone do futebol de resultados _a que ganhou o tetra, em 1994.
Foram poucas as vezes em que a seleção brasileira jogou todas as suas fichas no futebol de resultados num Mundial. Os casos mais notórios aconteceram em 1990 e 1994.
Na Itália, Sebastião Lazaroni montou um 3-5-2, raro no país na época. Além dos três zagueiros, o time tinha dois volantes. O resultado final foi catastrófico. Em quatro jogos, o Brasil fez só quatro gols. Caiu no primeiro mata-mata, derrubado pela Argentina de Maradona.
Nos EUA, quatro anos depois, com Carlos Alberto Parreira no comando, o resultado foi a conquista do tetra. Mas o esquema com três volantes em boa parte da competição fez daquela a campanha menos goleadora das cinco vezes em que o Brasil foi campeão mundial. Nas sete partidas em campo americano, a seleção balançou as redes 11 vezes, ou sete a menos do que conseguiu o time de Luiz Felipe Scolari em 2002.
O gaúcho, aliás, sempre foi um dos defensores do futebol de resultados. Mas, em gramados coreanos e japoneses, conseguiu montar um time goleador e com bom desempenho atrás - levou quatro gols.
Nos três primeiros títulos mundiais, o Brasil deu show em 1958 e 70. Em 62, com Pelé fora de ação, não brilhou tanto e teve que contar com a ajuda do árbitro na vitória contra a Espanha e o bizarro caso do juiz que expulsou Garrincha na semifinal e "sumiu". Não entregou a súmula, e o ponta pôde jogar a decisão.
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