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Nacional
Sexta - 16 de Junho de 2006 às 20:10

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Triste do país que não cuida dos seus índios, que foram os primeiros a cuidar da terra. Mais triste ainda é ver índios desanimados, tristes, conformados, sem mais vontade até de denunciar as violências que sofrem devido à omissão dos governos federal e estaduais.

Esse é o lamentável quadro social dos índios brasileiros, retratado no relatório “A Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil 2003/2005”, que foi divulgado esta semana em Belém (PA) pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O relatório denuncia que, nos últimos três anos, 122 índios foram assassinados no país e centenas de outros sofreram diversos tipos de violência como estupros, lesões corporais, invasões de terra, discriminação e racismo, além da omissão governamental, que acaba provocando a impunidade contra os agressores.

Além dos 122 assassinatos, que resulta na morte de um índio a cada nove dias, o quadro de violência levantado pelo CIMI diagnosticou 99 casos de violência em conflitos territoriais, 37 invasões e exploração ilegal de recursos naturais, 13 danos ambientais, 85 tentativas de assassinatos, 38 homicídios culposos, 38 ameaças de morte, 11 outras ameaças, 94 lesões corporais, 62 casos de racismo e discriminação ético-culturais, 41 casos de violência sexual e 73 suicídios.

O coordenador do Cimi, Claudemir Monteiro, destacou que a divulgação do relatório tem por objetivo chamar a atenção da sociedade para o problema indígena. “Temos que lutar pela proteção desses índios. A atual política indígena apresenta problemas sérios”, completou Monteiro.

Segundo o coordenador, a violência contra os indígenas brasileiros atinge 27 das 49 etnias existentes no país. Para eles, “os povos isolados estão mais vulneráveis, pois sofrem com o problema da demarcação de suas terras e com os conflitos com os governos locais, criando uma cultura de animosidade contra os índios”.

O depoimento do índio Piná Tembé, líder da comunidade paraense Tembé, demonstra que o respeito aos direitos humanos estão passando muito longe dos indígenas brasileiros. “Os próprios índios já nem denunciam mais, pois perdem a vontade, devido à omissão dos governos”, destacou o indígena. Para reforçar as denúncias do Cimi, Piná Tembé revelou que os próprios índios estão vendendo suas terras, por falta de opção. “Os Araras estavam pedindo R$ 10 mil para ceder parte das suas terras. Infelizmente, eles só podem oferecer o que têm para sobrevive”, disse.

O líder Tembé também denunciou que vem recebendo ameaças de morte. “Uma vez eu peguei três ônibus para vir pra Belém e, chegando no Terminal, parou um carro perto de mim, abriu a janela e falou que era pra eu ter cuidado que iriam me pegar”, concluiu Pina.

O relatório do Cimi, que foi enviado ao Ministério da Justiça e à Funai, divulgou também os casos específicos de violência contra os índios de dois estados da Amazônia: Pará e Amapá. Nestes dois estados, entre 2003 e 2005, ocorreram sete assassinatos de índios de seis etnias diferentes, três conflitos de terra, três ameaças de morte e quatro casos de estupro a crianças e adolescentes, bem como casos de racismo e de negligência à saúde.

As denúncias no Pará e Amapá foram elaboradas a partir de depoimentos prestados nas aldeias dos dois estados a 40 missionários do Cimi. Eles ouviram as próprias vítimas, membros das comunidades atingidas, organizações indígenas; e cotejaram matérias publicadas nos jornais e nos registros policiais.

O relatório trata de quatro grandes grupos de violências contra os índios, provenientes de conflitos e direitos territoriais, contra indígenas, provocadas por omissões do Poder Público e contra povos isolados e de pouco contato.





Fonte: 24 Horas News

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