CCJ do Senado Federal aprova Maria Thereza Moura para ministra do STJ
Maria Thereza Moura, advogada há 26 anos, foi indicada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 8 de junho, a partir de lista tríplice enviada pelo STJ. Ela vai ocupar a vaga decorrente da aposentadoria do ministro José Arnaldo da Fonseca. Maria Thereza Moura será a quinta mulher a ingressar no STJ, que hoje conta com as ministras Eliana Calmon, Nancy Andrighi, Laurita Vaz e Denise Arruda.
A sabatina teve início sob a presidência do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL/BA). O senador Romeu Tuma (PFL/SP), relator na CCJ, apresentou a indicada. Logo após, Maria Thereza Moura falou sobre sua vida e a atuação como advogada. Filha de servidores públicos, Maria Thereza Moura destacou sua criação preceituada em valores morais, cristãos e em grande preocupação com os mais necessitados. "Com base nos valores recebidos no seio de minha família, procurei pautar minha profissão, dedicando parte da minha advocacia aos menos favorecidos e à vida acadêmica", ressaltou. Segundo Maria Thereza Moura, esses mesmos valores ela pretende levar para a magistratura. "Sei que o Judiciário está assoberbado de processos, mas é necessário que coloquemos nossos esforços para trazer a Justiça mais próxima aos jurisdicionados".
A questão da morosidade do Poder Judiciário foi destacada por um dos integrantes da CCJ, o senador Edison Lobão (PFL/MA). Ele falou sobre a importância da reforma do Judiciário, aprovada recentemente pelo Legislativo, e as discussões sobre possíveis mudanças na legislação processual. Dentro do tema "reforma do Judiciário", Edison Lobão questionou a indicada sobre a súmula vinculante. Ela ressaltou que a súmula só pode ser aplicada para questões repetitivas, "mas há matérias que exigem uma atenção maior do juiz". Para a futura ministra do STJ, "mais do que a mudança legislativa, é preciso dotar o Judiciário de instrumentos suficientes para agilizar a prestação de seu serviço, como mais juízes e servidores. A Emenda Constitucional 45 [que trata da reforma do Judiciári] é apenas um passo".
Destacando a participação de Maria Thereza Moura na Comissão Theotonio Villela, da qual também é membro, o senador Eduardo Suplicy (PT/SP) abordou a onda de violência que atingiu a cidade de São Paulo recentemente, as investigações sobre o número de vítimas e a atuação da Polícia no caso. Maria Thereza Moura afirmou ser importante a transparência nas investigações, "em respeito aos civis atingidos, policiais e suas famílias. É necessário se apurar até que ponto houve excesso, e excesso de quem".
Eduardo Suplicy ressaltou a importância das penas alternativas e lembrou mais um caso concreto pedindo a opinião da advogada sobre a decisão liminar do Juízo da cidade de Contagem, que determinou a soltura dos presos da carceragem local por causa da superlotação. A liminar foi suspensa pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. "Não posso opinar sobre o caso concreto porque não tenho informações suficientes, mas posso sinalizar que a adoção de penas restritivas de direitos pode ajudar na redução da superlotação carcerária", afirmou a sabatinada.
A redução da menoridade penal para 14 anos foi abordada pelo senador Leomar Quintanilha (PC do B/TO). Ao falar sobre a questão, Maria Thereza Moura destacou ser o problema muito mais complexo. "Acho que levar o jovem muito cedo para o ambiente carcerário pode diminuir, ainda mais, suas chances de integração". A futura ministra do STJ também foi saudada pela senadora Serys Slhessarenko (PT/MT), que afirmou a importância da chegada de mais uma mulher ao Poder Judiciário.
A senadora levantou o tema "violência doméstica" e lembrou o quanto esse problema afeta a família brasileira. "Comungo com a senhora a preocupação com a violência doméstica, principalmente contra a criança, que acaba se transformando em um jovem problemático", ressaltou Maria Thereza Moura. A futura ministra lembrou que o tema gerou mudança recente na Lei 9.099/95, "determinando o afastamento do acusado de violência do lar".
Maria Thereza Moura é graduada em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Direito Processual. Ela atua como advogada nas áreas cível e criminal e leciona na Escola Superior de Advocacia e na USP. A futura ministra do STJ é autora de vários livros e tem trabalhos publicados no Brasil e no exterior.
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