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Economia
Quarta - 14 de Junho de 2006 às 10:11
Por: Roberto Samora

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A safrinha de soja, cultivada sob irrigação na entressafra, já está no campo em várias partes do país, mas disciplinada por regras em alguns Estados, com o objetivo de amenizar os efeitos da chamada "ponte verde" para a permanência da ferrugem asiática no campo.

O plantio fora de época, entretanto, contraria orientação de especialistas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que defendem um "vazio sanitário" de 90 dias para evitar a propagação do fungo de uma safra para a outra --a praga utiliza necessariamente a planta como vetor.

Em recente congresso, a Embrapa estimou as perdas pela ferrugem na safra passada em 2,3 milhões de toneladas, abaixo dos 4,5 milhões de toneladas perdidos na temporada anterior, mas as despesas para combater o fungo foram avaliadas em 2,7 bilhões de dólares, ou cerca da metade do gasto com fungicidas aplicados contra a doença em quatro safras (de 2002 a 2005).

"A Embrapa bateu posição de que o vazio, para evitar a ponte verde, deveria ocorrer sem exceção, mas não é isso que está acontecendo," disse André Peralta, técnico do programa de combate à ferrugem do Ministério da Agricultura, que delegou aos Estados a decisão sobre plantar ou não a safrinha de soja.

Segundo ele, Estados como Mato Grosso e Goiás (Centro-Oeste) já têm legislação condicionando o plantio da soja na entressafra apenas para a produção de sementes ou para o desenvolvimento de pesquisas.

Tocantins também optará por um regulamento parecido, e mesmo que a semeadura já tenha começado no Estado da região Norte os produtores deverão ser cadastrados e os cultivos monitorados, para que o responsável fique obrigado a manter a praga sob controle, da mesma forma que em Mato Grosso e Goiás.

Um dos maiores especialistas em ferrugem do Brasil, o fitopatologista da Embrapa José Tadashi Yorinori, disse recentemente que o "ideal" seria não se realizar nenhuma safrinha, como forma de diminuir a quantidade de esporos do fungo levados de uma região para a outra.

"Não se justifica fazer safrinha para produzir sementes. Além da qualidade do grão produzido nessa época não ser boa, com a soja, tem a ferrugem, que dá prejuízo para toda a região depois," disse o presidente da Abrasem (Associação Brasileira de Sementes e Mudas), Ywao Myamoto.

Segundo ele, há sementes suficientes para a próxima safra, mesmo as transgênicas legais e adaptadas para o Brasil, e a safrinha poderia ser evitada. "Sobrou 40 por cento da produção de transgênicas legais...," observou Myamoto, destacando que o volume produzido durante o inverno não seria tão significativo.

EXCEÇÕES

Por outro lado, o coordenador de Sanidade Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária de Tocantins, Luís Henrique Michelin, afirmou que o seu Estado possuiu uma série de condições para o plantio de soja na entressafra que não propiciariam a manutenção da ferrugem na região.

"Temos irrigação por inundação, por elevação de lençol freático, e não por pivô, e as folhas não ficam molhadas... Além disso, a safra subsequente é de arroz irrigado, é um manejo diferente, não se planta soja em cima de soja," explicou Michelin, destacando que o Estado tem potencial para até 40 mil hectares de soja no inverno.

Em Primavera do Leste, no Mato Grosso, município que ficou conhecido pela alta incidência de ferrugem por supostamente utilizar irrigação com pivô durante a safrinha, nem para a pesquisa será semeado este ano. "Aqui não vai se plantar nada, e no ano que vem poderei responder se isso funcionou," destacou o presidente do Sindicato Rural José Nardes.

"Se diminuir a incidência no ano que vem, o ministério mantém a sua posição (de deixar a cargo dos Estados o combate à ferrugem). Se não resolver, o ministério vai tomar uma posição mais enérgica," salientou Peralta.





Fonte: 24Horas News

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