Indonésia liberta líder terrorista acusado de ataques em Bali
O religioso, de 68 anos, foi recebido com gritos por centenas de fiéis que esperavam a sua saída da prisão de Cipinang, a leste de Jacarta.
Bashir foi condenado a 30 meses de prisão, mas sua pena foi reduzida a quatro meses por bom comportamento, apesar das pressões dos Estados Unidos e da Austrália.
Com uma longa barba branca e uma rigorosa vestimenta muçulmana, o líder religioso indonésio "agradeceu a Alá" por sua liberdade e prometeu continuar sua luta para a aplicação da lei islâmica na Indonésia.
"Chamo todos os muçulmanos para se unirem a nós e atingir um objetivo, a implementação da sharia [lei islâmica]. Estou convencido de que neste país, que é majoritariamente muçulmano, os problemas do Estado poderiam ser resolvidos assim", disse, sob aplausos dos simpatizantes.
Em seguida, Bashir foi de carro que para sua cidade natal, Solo, no centro da ilha de Java. Ele será submetido a um exaustivo exame médico antes de retomar suas aulas de religião no polêmico internato islâmico que fundou, informou hoje o jornal digital "Detik".
Ataques
Bashir foi considerado culpado de incitar seus seguidores a cometer os ataques terroristas contra duas discotecas balinesas em 2002, nos quais morreram 202 pessoas, entre elas 88 turistas australianos.
No entanto, os juízes rejeitaram, por falta de provas, outras acusações da Promotoria, que não conseguiu associar o réu à Jemaah Islamiyah, considerada o braço no Sudeste Asiático da rede Al Qaeda.
A polícia indonésia acusa a rede de organizar também os atentados contra o hotel Marriott de Jacarta (2003) e contra a Embaixada Australiana (2004), que mataram 12 e 10 pessoas, respectivamente. O grupo reivindica a autoria do atentado suicida que, há sete meses, matou 20 pessoas em Bali.
O malaio Noordin Mohammad Top, suposto cérebro dos atentados, continua foragido. As forças de elite antiterroristas indonésias detiveram ou mataram vários de seus cúmplices mais próximos.
Vitória
EUA e Austrália consideraram a libertação de Bashir, conhecido por suas pregações contra o Ocidente, uma vitória dos movimentos islâmicos radicais do arquipélago.
O chefe da agência de inteligência nacional indonésia, Syamsir Siregar, disse na terça-feira que espera que o religioso coopere com as autoridades.
A Indonésia é o país com a maior comunidade muçulmana do mundo --quase 90% de seus 240 milhões de habitantes são adeptos da religião. Mas o islã praticado na Indonésia é moderado e a Constituição do país reconhece oficialmente seis religiões.
Em oposição às reivindicações de Bashir, um grupo de parlamentares pediu na terça-feira o fim dos regulamentos locais e regionais baseados na sharia, por serem inconstitucionais.
Atualmente, 22 distritos e municípios contam com leis islâmicas que criminalizam condutas proibidas pelo islã, como o adultério, o consumo e a venda de álcool e a prostituição.
Os regulamentos têm sido duramente criticados por restringir liberdades públicas, especialmente as relacionadas com a mulher. Mas os grupos muçulmanos radicais organizam operações periódicas para garantir seu cumprimento.
Comentários