SES entrega remédio fracionado contra Aids

Mato Grosso faz há duas semanas a entrega fracionada das doses de medicamentos antiretrovirais, para tratamento da Aids. A recomendação é do próprio Ministério da Saúde (MS), em decorrência dos baixos estoques do medicamento 3TC combinado com AZT, fabricados com matéria-prima importada de outros países e que ficou presa na alfândega por conta de greves do funcionalismo público.

A gerente do Centro de Referência em Média e Alta Complexidade do Estado (Cermac), Maria Conceição Villar, garante que ainda não faltou remédio, mas os pacientes têm de buscá-los a cada 10 ou 15 dias. "A previsão do ministério é regularizar a situação gradualmente, em duas ou três semanas".

Ela explica que, na última sexta-feira, os medicamentos "Lamivudina" (3TC) e "Estavudina" finalmente chegaram, o que já permite a entrega para 30 dias. Está previsto para hoje uma remessa de "Efaviren" e "Tenofovir", ambos ajudam a controlar o vírus HIV. Por ser consumido por um número reduzido de pacientes, o "Ritonavir" é o único sem previsão de voltar ao estoque da saúde pública do Estado. "Diante do universo de 15 medicamentos do coquetel, estamos por enquanto com problemas apenas com três".

Atualmente, cerca de 1,2 mil pessoas fazem tratamento anti-Aids pelo Cermac, em Cuiabá. No Estado, esse número chega a 1,8 mil. Para a coordenadora da Organização Não Governamental (ONG) Corações Amigos, Leiry Maria Rodrigues, a possibilidade de faltar remédio provoca um nível de ansiedade que prejudica a vida dos pacientes. Também há queima de tratamento daqueles que por um motivo ou outro não puderam voltar duas ou três vezes no serviço especializado para buscar a medicação.

"O agravante psicológico é que muitos têm medo de se expor, ficam escondidos, às vezes nem saem de dentro do carro. O fracionamento pode ser um desestímulo, uma forma de provocar constrangimento". Leiry acredita que é preciso reorganizar a logística de fabricação e distribuição do medicamento no país.