Repórter News - reporternews.com.br
Agronegócios
Segunda - 12 de Junho de 2006 às 08:51

    Imprimir


A riqueza do debate e a qualidade dos palestrantes permitiram traçar um panorama completo e rico em diversidade de abordagens. A lição maior é que não é momento de desanimar, há caminhos, rumos a serem tomados”, avalia Amélio Dall´Agnol, presidente da comissão organizadora do Congresso. As cooperativas paranaenses estiveram presentes através dos diretores da Coceal, Integrada, Corol, Coodetec e Lar, além de mais de 80 técnicos de 10 cooperativas paranaenses.

Ferrugem asiática: prejuízo de quase US$ 8,00 bi - Um prejuízo acumulado de mais de U$ 7,7 bilhões nas últimas cinco safras de soja no Brasil. O número foi apresentado pelo pesquisador da Embrapa Soja (Londrina-PR) José Tadashi Yorinori durante o IV Congresso Brasileiro de Soja. Apenas na última safra, de acordo com ele, foram cerca de U$ 2,6 bilhões de perda. São os estragos da ferrugem asiática, considerada a pior doença da soja e causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. Para diminuir os prejuízos, Tadashi acredita que é fundamental treinar e capacitar os produtores, principalmente na fase inicial da ferrugem. Além de manter os níveis adequados de adubação e de equilíbrio nutricional do solo, outra sugestão do pesquisador é sempre estar informado sobre os locais onde a doença se manifestou. Nesse sentido, consultar com freqüência o Sistema de Alerta, desenvolvido pela Embrapa, disponível no endereço www.cnpso.embrapa.br/alerta, é recomendado.

Biodiesel pode ajudar no preço - ”Quais países e quais entidades vão liderar as ações para mudança do agronegócio brasileiro?” Com essa pergunta o consultor José Zílio, da ALF Internacional, iniciou a palestra “Processamento e utilização de soja: perspectivas brasileiras e globais”. Para o palestrante, que é formado em engenharia química e tem 38 anos de experiência no setor de soja, a grande locomotiva do agronegócio brasileiro atualmente é a cana-de-açúcar, mas, a médio e longo prazo, a soja também vai ter um papel fundamental por causa da produção de biodiesel. Para Zílio, entidades como a Embrapa, as universidades os órgãos de pesquisa, de uma forma geral, devem discutir com as cooperativas, as empresas químicas, as empresas petrolíferas e a indústria processadora de grãos formas do Brasil produzir tecnologia para suprir a demanda mundial de energia e alimentos.

Biotecnologia trouxe receita extra - O agrônomo e presidente executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Cristiano Simon, apresentou dados otimistas para agricultores e preocupantes para a indústria de produtos fitossanitários na palestra “Impacto da biotecnologia no mercado de agroquímicos”. De acordo com Simon, há no mundo 90 milhões de hectares plantados com organismos geneticamente modificados (OGM), um número 53 vezes maior em relação a 1996. Do total da área plantada, 60% é de soja, 28% de algodão e 14% de milho. Os OGM estão distribuídos em 21 países pelo mundo, sendo que a maioria em desenvolvimento, como o Brasil. Toda essa produção, gerou uma receita adicional líquida de US$ 27 bilhões para os agricultores nos últimos dez anos, sendo US$ 6,5 só no ano passado. Estes recursos vieram principalmente do incremento da produção e da redução dos custos primários, como a diminuição no consumo de óleo diesel e no preparo do solo.

Sustentabilidade agrícola da Amazônia - Painel sobre o manejo sustentável da Amazônia trouxe um panorama sobre a atual expansão da fronteira agrícola e as projeções para o futuro do maior ecossistema do planeta. Quando se trata da Amazônia, é preciso ter em mente uma ampla diversidade de situações agroecológicas e sócio-econômicas coexistindo num espaço territorial onde cabe toda a Europa Ocidental. O pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA) Alfredo Oyama Homma, deixou claro que a definição de políticas agrícolas para a Amazônia é mais importante que as políticas ambientais para resolver os próprios problemas ambientais. A sustentabilidade da lavoura de soja na Amazônia não pode ser efetuada em prejuízo da agricultura familiar. Alfredo Oyama Homma lembrou que 1/3 da área desmatada, principalmente no Cerrado, algo em torno de 20 milhões de hectares, estão simplesmente abandonados. Ou seja, não seria necessária mais devastação ambiental para a expansão agrícola.

A soja transgênica - Existe no país uma resistência política e ideológica à adoção de novas tecnologias. Esta é a opinião do diretor executivo da Coodetec, Ivo Carraro, durante sua palestra no Painel que discutiu a soja geneticamente modificada tolerante a herbicidas. Esta oposição pode representar um atraso científico em relação a outros países, alertou Ivo. Outro grande estrago provocado pela demora na liberação de pesquisas científicas está na pirataria, que está levando a indústria de sementes do país à falência. Ivo Carraro lembrou que a proibição do plantio de soja transgênica levou o produtor brasileiro, principalmente no Rio Grande do Sul, a contrabandear sementes da Argentina, conhecidas como “sementes Maradona”. O diretor executivo da Coodetec chegou a citar uma propaganda enganosa divulgada entre os produtores gaúchos que mostrava uma soja que produzia 8 grãos por vagem. Segundo Carraro, na época, muita gente acreditou neste absurdo e a indústria de sementes do Rio Grande do Sul foi ao colapso. A Coodetec apresentou uma projeção para a próxima safra de soja no Brasil: 60% da lavoura deve ser constituída por sementes transgênicas. “Por isso é preciso olhar para o futuro e perceber que o atraso na adoção de novas tecnologias leva à ilegalidade, que por sua vez reduz os investimentos em pesquisas e, conseqüentemente, provoca a diminuição da competitividade do Brasil no mercado internacional”, salientou Ivo Carraro.





Fonte: Olhar Direto

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/295292/visualizar/