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Internacional
Domingo - 11 de Junho de 2006 às 15:40

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O suicídio de três prisioneiros em Guantánamo, além de ter feito as atenções se voltarem novamente para o centro de detenção, deixou preocupado o presidente George W. Bush, segundo o porta-voz da Casa Branca.

Ontem, um dia depois de Bush ter dito que quer fechar o campo de prisioneiros, dois sauditas e um iemenita se enforcaram em suas celas com tiras feitas de lençóis e roupas.

"O presidente expressou sua preocupação" com a morte dos três supostos terroristas, disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, que acrescentou que os Estados Unidos em contato com os Governos da Arábia Saudita e do Iêmen.

Os suicídios "refletem o desespero por uma necessidade humana básica", disse William Goodman, diretor do Centro para Direitos Constitucionais, localizado em Nova York e que representa cerca de 200 presos de Guantánamo.

"É a necessidade de justiça, a necessidade de que alguém ouça o que eles têm a dizer", acrescentou Goodman.

Em fevereiro, uma comissão de especialistas das Nações Unidas afirmou que os métodos de interrogatório usados pelos EUA em Guantánamo equivaliam a torturas. Por esa razão, pediu o fechamento imediato do campo, onde o Pentágono mantém, desde 2001, centenas de homens detidos em dezenas de países.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que "não se pode manter os prisioneiros de Guantánamo lá para sempre" e que é necessário dar a eles "uma oportunidade para que se expliquem".

Embora o Governo de Bush tenha demonstrado, desde sábado, respeito pelos mortos - frisando que seus corpos serão tratados de acordo com as tradições muçulmanas - os porta-vozes do Pentágono deram uma avaliação diferente das mortes.

O chefe do Campo 1 em Guantánamo, o contra-almirante Harry Harris, disse que "os prisioneiros são espertos e estão comprometidos com sua causa".

"Esses indivíduos não têm consideração pela vida, nem pela nossa nem pela deles", afirmou. Os suicídios "não foram um ato de desespero, mas um ato de guerra contra nós".

Mais de 700 homens foram presos em Guantánamo desde o fim de 2001. Atualmente, no centro há 462 prisioneiros. Pelo menos 25 deles tentaram o suicídio mais de 40 vezes.

O general John Craddock, chefe do Comando Sul sob cuja jurisdição fica a base naval de Guantánamo, acredita que os detentos "são elementos resolvidos, inteligentes, comprometidos e continuam fazendo tudo que podem para se tornarem mártires em sua guerra santa".

"É provável que as tentativas de suicídio continuem se os EUA não derem os passos para que os detidos tenham um julgamento justo", disse ao jornal "The Los Angeles Times" Katherine Newell Bierman, uma advogada da Human Rights Watch.

"A situação piorará", acrescentou. "Temos que fechar essa prisão e fazer isso de maneira responsável. É necessário que as pessoas que tenham cometido crimes sejam julgadas. E os outros têm de ser enviados para casa com um pedido de desculpas".

Um dia antes dos suicídios, durante um encontro com o primeiro-ministro da Dinamarca, Fogh Rasmussen, o presidente Bush tinha dito novamente que desejava fechar a prisão de Guantánamo e julgar os presos mais perigosos em tribunais dos Estados Unidos.

Bush disse que o primeiro-ministro dinamarquês falou sobre o tema durante o encontro.

"Garanti a ele que gostaríamos de acabar com Guantánamo, que gostaríamos que o presídio estivesse vazio", declarou.

O presidente americano também falou que os EUA cooperam com outros Governos com o intuito de repatriar certos prisioneiros.

"Mas há alguns que, se forem soltos nas ruas, podem causar grande dano aos cidadãos americanos e a outros cidadãos do mundo. Por isso, eles deveriam ser julgados aqui, em tribunais dos Estados Unidos", disse Bush.

O presidente afirmou que seu Governo espera agora a decisão do Tribunal Supremo sobre qual é o lugar apropriado para julgar esses presos.





Fonte: EFE

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