Duas regiões de Mato Grosso, que pertence à região Amazônica, serão alvo de uma nova operação nacional de combate ao desmatamento ilegal. Agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) e da Força Nacional serão deslocados para seis pontos considerados "prioritários" entre as unidades da federação e onde foram identificadas as maiores agressões contra a floresta. A Operação Onda Verde tem caráter ostensivo e sem prazo para ser encerrada.
Em Mato Grosso, a superintendência estadual do Ibama confirmou que duas áreas serão alvo da operação, embora prefira não adiantar quais. Conforme o superintendente Marcus Keynes Santos Lima, trata-se de uma estratégia. Além deste estado, também vão receber equipes federais o Pará (em 2 pontos), Amazonas (1 ponto) e Rondônia (1 ponto).
Somente em outubro do último ano, áreas de alerta de desmatamento e degradação na Amazônia somaram 277,36 km², conforme os dados registrados pelo Deter, o sistema de detecção do desmatamento em tempo real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
"Esta operação será permanente e desenvolvida em seis ambientes onde houve um alto número de desmatamento. O desmatador se aprimora e sempre busca meios para burlar [as fiscalizações]", disse o superintendente na manhã desta sexta-feira (1º), durante entrevista coletiva na sede do Ibama em Cuiabá.
Segundo a superintendência do Ibama, somente em Mato Grosso cada base operacional deve contar com 13 agentes do Instituto e outros 13 da Força Nacional. "Mas mesmo com essa operação não quer dizer que outras não serão realizadas", adiantou o novo titular da superintendência, ao considerar a atuação de fiscais em outras operações de combate aos crimes ambientais.
Tecnologia
Mato Grosso é o estado que mais desmatou entre janeiro a outubro de 2012. De acordo com o Deter, foram 1.055,07 km². O Pará apareceu logo em seguida, com 542.45 km². "Em Mato Grosso essas duas áreas prioritárias vão receber a operação de forma contínua. A partir de agora, terão fiscais por todo o tempo. Quem estiver na ilegalidade deve ser punido", assevera o chefe de fiscalização do Ibama no estado, Werikson Trigueiro.
O instituto aposta na tecnologia para facilitar também as operações. Na manhã desta sexta-feira o Ibama apresentou os chamados PDAs, uma ferramenta móvel usada pelos agentes ambientais. Trata-se de um equipamento que, segundo o governo, demarcará as coordenadas exatas onde as irregularidades forem constatadas, emitindo de forma imediata o auto de infração ao proprietário da área flagrada.
Em âmbito nacional o projeto, realizado em parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, e de Ciência e Tecnologia, prevê investimentos de R$ 15 milhões. A inovação tecnológica deve eliminar os erros de coordenadas, a possível corrupção do fiscal e tornar mais eficiente e transparente o serviço, aposta o Ibama.
Autos
Entre agosto de 2011 e julho de 2012 o Ibama emitiu R$ 1,6 bilhão em autos de infração nas ações de combate ao desmatamento na Amazônia Legal. O volume financeiro derivou das 3.456 peças lavradas. Neste intervalo, a floresta perdeu 4.656 quilômetros quadrados, segundo os números do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal).
Dentre os estados, o Pará registrou o maior total de autos e, consecutivamente, a cifra financeira. Os 857 resultaram em mais de R$ 941,3 milhões. O estado liderou o índice de desmatamento no intervalo avaliado, sendo responsável pelo desflorestamento de 1.699 km².
Em Mato Grosso, cujo desmatamento atingiu 777 km² (2º do país neste período), foram mais de R$ 339,5 milhões, em resposta aos 830 autos lavrados até julho daquele ano.
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