Preso diz que sem-terra planejavam invadir Planalto, e não Câmara
"[Os manifestantes] iriam até o Palácio do Planalto, onde iriam "botar pressão", o que significa fazer ocupação", afirmou Silva no depoimento, no dia 7. O objetivo da pressão seria, segundo ele, forçar o governo Lula a reconhecer o movimento e liberar terras para assentamentos. Consta do depoimento que a decisão de seguir para Brasília foi tomada em reuniões do MLST no final de maio. Quanto ao acerto para invadir o Planalto, teria sido feito na própria capital federal, na manhã de 6 de junho, dia da invasão e da depredação da Câmara.
Silva disse "que foi enganado pelos líderes do movimento, que inicialmente disseram que iriam ao Palácio do Planalto, mas conduziram todos para a Câmara". O militante foi flagrado atirando uma pedra contra um segurança da Câmara.
Também ouvido pela Polícia Legislativa, o líder do MLST, Bruno Maranhão, atribuiu aos colegas de movimento a responsabilidade por "ter feito toda aquela bagunça", em referência à destruição de portas de vidro, balcões e terminais de informações. Ele afirmou que a "visita" ao Planalto não foi planejada e que o encontro seria no Salão Verde da Câmara.
Maranhão afirmou no depoimento "que a coordenação [do MLST] sempre orienta os seus membros para que toda a manifestação seja ordeira e pacífica" e que o acontecido "não foi planejado anteriormente".
Maranhão acabou desmentido pela gravação produzida pelo também militante do MLST Maurício Veroneze. Com uma câmera, ele registrou uma reunião em Brasília na qual foram feitos os acertos para a invasão da Câmara. Em seu depoimento à Polícia Legislativa, ele afirmou saber que "a conversa gravada era comprometedora em razão da combinação para invadir a Câmara". Disse também que, na reunião, alguém sugeriu "que, se a polícia batesse, deveria ele bater também".
Um dos palestrantes da reunião foi Antonio Arruti Baqueiro. À Polícia Legislativa, ele disse que, no encontro, "chegou a dizer que todos teriam que ter coragem tanto para apanhar como para bater", mas que "ninguém iria bater em ninguém, apenas fazer pressão".
Silva, Maranhão e Veroneze estão entre os 42 militantes do MLST mantidos presos na penitenciária da Papuda sob a acusação, apresentada pela PF e referendada pelo Ministério Público, de prática dos crimes de lesão corporal grave, dano ao patrimônio público, formação de quadrilha e corrupção de menores. Somadas, as penas podem chegar a 15 anos de prisão. Os outros militantes presos em flagrante pela Polícia Legislativa na última terça-feira seriam liberados da cadeia ontem, por ordem judicial.
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