"Misterioso", Trinidad tenta parar trio ofensivo sueco na estréia
Conhecida historicamente pela força defensiva e domínio do jogo aéreo, a Suécia tenta consagrar uma geração de jogadores ofensivos talentosos, habéis e de sucesso em grandes clubes europeus: Henrik Larsson, do Barcelona (ESP), Fredrik Ljungberg, do Arsenal (ING), e Zlatan Ibrahimovic, da Juventus (ITA).
O trio foi responsável por 20 dos 30 gols suecos nas eliminatórias para a Copa do Mundo da Alemanha. Na Eurocopa de 2004, os avantes marcaram seis dos oito tentos que a Suécia anotou em quatro jogos, mas a equipe caiu nas quartas-de-final diante da Holanda.
Larsson, que disputa sua terceira Copa do Mundo (participou das de 1994 e 2002), deve abandonar a seleção após o Mundial da Alemanha. Em boa fase, o atacante foi o autor de duas assistências na final da Liga dos Campeões, que deram ao Barcelona o principal título de clubes da Europa ao virar jogo contra o Arsenal por 2 a 1.
"Me sinto tão em forma agora quanto há dez anos. Quanto mais velho, mais forte", opinou o atleta, de 34 anos, que hoje ostenta uma reluzente cabeça raspada no lugar dos cabelos rastafari que tinha no mundial de 1994, nos EUA.
Ljungberg, famoso por sua velocidade e visão de jogo, combate a sina de chegar às Copas do Mundo sofrendo com contusões. Neste ano, se recupera de um problema no pé direito, sendo que na última temporada teve contusões no quadril, panturrilha, ombro, tórax e mão. Na Copa de 2002, ele perdeu dois dos quatro jogos da Suécia por conta de uma lesão. Nas eliminatórias para o Mundial da Alemanha, quando se encontrava 100%, ele marcou sete gols em dez jogos.
Ibrahimovic, atacante temperamental e muito habilidoso, tem a chance de se provar na seleção. Protagonista de uma das transferências mais caras dos últimos anos - a Juventus pagou ao Ajax 19 milhões de euros para tê-lo -, o atacante ainda não mostrou seu talento com a camisa amarela.
Ele participou da Eurocopa 2004, quando fez dois gols em quatro jogos antes da queda, nos pênaltis, ante a Holanda, e também do Mundial da Coréia e Japão, quando ainda era reserva. Ciente de que hoje é uma das estrelas da sua seleção, ele é uma das armas suecas para esquecer a frustração de 2002.
Na última Copa, a Suécia caiu no então "grupo da morte", ao lado de Argentina, Inglaterra e Nigéria. Venceu um jogo e empatou dois - um deles contra a Argentina na última rodada, que eliminou os sul-americanos do torneio - para se classificar em primeiro lugar na chave. Nas oitavas, perdeu para a zebra Senegal com um "gol de ouro" marcado instantes depois de Anders Svensson chutar uma bola na trave.
Apesar do "trauma", a expectativa é que a Suécia encontre em Trinidad e Tobago, equipe de média de idade mais alta na Copa (mais de 29 anos), um adversário bem mais frágil que aquele Senegal de Diouf, Fadiga e Boupa Dioup. Pouco conhecida, a seleção caribenha também deposita em seus atacantes a maior esperança de fazer um papel razoável na Copa.
Dwight Yorke era, até a classificação de Trinidad para a Alemanha, talvez o único jogador conhecido fora de seu país. Fez história ao se tornar o primeiro estrangeiro a marcar mais de 100 gols no campeonato inglês e se tornou ídolo do Manchester United, time pelo qual foi campeão europeu, inglês (três vezes) e da Copa da Inglaterra.
"Temos 50% de chances de ganhar como qualquer um. Vamos competir. Em campo, são onze contra onze, e estamos na Alemanha com essa mentalidade", declarou o ídolo, negando que os "Soca Warriors", como é conhecido o time de Trinidad, estejam conformados com apenas chegar à Copa.
Líder em campo, Yorke tem ao seu lado outro atacante perigoso: Stern John, o maior artilheiro da história da seleção tobaguiana com 64 gols em 90 partidas. Dono de um potente chute com os dois pés, foi decisivo na campanha do país rumo à Alemanha.
Apesar de suas estrelas, Trinidad e Tobago sabe que as chances de se sair bem em um grupo que conta com países de muito mais tradição em Copas são pequenas, mas isso não quer dizer que já tenha jogado a toalha. O técnico holandês Leo Beenhakker lembra do Mundial de 2002 para alimentar as esperanças: "É claro que somos 'cachorros pequenos'. Mas em 2002, França e Argentina caíram na primeira fase".
Por isso, o técnico fez de tudo para deixar seus jogadores focados e conscientes da importância do jogo contra a Suécia: "O jogo mais importante de suas carreiras será o próximo jogo", disse.
No entanto, o holandês quer ver o time atuando com alegria em campo, desfrutando de participar do principal torneio de futebol do mundo: "Antes de eles irem ao campo, vou olhar para todos um a um e direi: 'Sorria! Sorria para mim, e aproveite', e eles farão isso", declarou o treinador.
Desfalques Nenhuma das equipes entrará em campo completa na estréia. A Suécia não terá a experiência e segurança do goleiro Isaksson, que sofreu uma leve concussão no rosto após levar uma violenta bolada de Kim Kallstrom no treinamento na última quarta-feira.
A ausência é mais complicada do que parece: seu substituto ainda não foi definido, mas os dois candidatos são inexperientes com a camisa sueca.
Se Isaksson defendeu o gol nórdico nos 10 jogos das eliminatórias, nos quais sofreu apenas quatro gols, Rami Shaaban tem experiência em clubes, mas fez sua estréia pela seleção há duas semanas, em amistoso contra a Finlândia. Já Alvbage jogou apenas duas vezes pela equipe sueca.
Já Trinidad não contará com o zagueiro Marvin Andrews, um dos pilares da equipe. Titular absoluto da equipe e integrante do Glasgow Rangers, da Escócia, ele ficará de fora por conta de uma antiga contusão no joelho.
Em 2005, Andrews, jogador fervorosamente religioso, abriu mão de uma cirurgia nos ligamentos do joelho afirmando que ia se curar com o poder da reza. No entanto, na última quinta-feira, ele sentiu o joelho e está vetado.
"Andrews está machucado e não jogará. O resto do time está pronto e ansioso para estrear na competição", disse Beenhakker.
Histórico Suécia e Trinidad só se enfrentaram uma vez em toda a história: melhor para os suecos, que cravaram 5 a 0 no amistoso disputado em 16 de novembro de 1983.
O retrospecto dos europeus contra equipes da América Central é de duas vitórias e uma derrota - sofrida no último confronto deste tipo, perante a Costa Rica, em 1990, por 2 a 1.
Um dado favorável a Trinidad é a má performance sueca em estréias de Copas do Mundo. Nas últimas seis oportunidades em que participou do Mundial, a Suécia não conseguiu vencer a estréia. O último triunfo em estréias aconteceu em 1958, quando bateu o México por 3 a 0 jogando em casa, na melhor Copa de sua história, quando foi vice-campeã, caindo diante do Brasil de Pelé na final.
TRINIDAD E TOBAGO X SUÉCIA
Data: 10/06/2006, sábado, às 12h Local: Westfalenstadion, em Dortmund Árbitro: Shamsul Maidin (SIN) Auxiliares: Prachya Permpanich (TAI) e Eisa Ghuloum (EAU)
Trinidad e Tobago Jack; Gray, Sancho, Lawrence, Charles; Birchall, Theobald, Edwards, Samuel, Yorke, Stern John Técnico: Leo Beenhakker
Suécia Shaaban; Alexandersson, Mellberg, Lucic, Edman; Linderoth, Wilhelmsson, Ljungberg, A. Svensson; Ibrahimovic, Larsson Técnico: Lars Lagerback
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