Greenspan faz alerta sobre a alta do preço do petróleo
"Os EUA foram capazes de absorver o grande imposto implícito da alta dos preços do petróleo até agora", disse ele. "Mas dados recentes indicam que podemos finalmente estar sofrendo algum impacto." O depoimento ocorreu dois dias depois de seu sucessor, Ben Bernanke, ter expressado preocupação com a inflação em discurso que derrubou bolsas e moedas no mundo inteiro.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) bateu em 3,5% nos últimos 12 meses nos EUA, ante 1,9% no mesmo período em 2003. A taxa de juros básicos da economia está em 5%, depois de 16 altas consecutivas de 0,25%, iniciadas em agosto de 2004. O Fed se reúne de novo nos dias 28 e 29 deste mês, e uma nova alta é dada como certa.
"A economia americana tem sido capaz de absorver o alto impacto dos preços crescentes do petróleo com poucas conseqüências até o momento porque se tornou mais flexível nas últimas três décadas", disse Greenspan. "As empresas aumentaram a produtividade de seus trabalhadores para manter seus lucros, mas os consumidores não puderam compensar a alta".
Greenspan, que abriu uma empresa de consultoria e prepara-se para escrever sua biografia com o auxílio de um jornalista, destacou ainda o viabilidade do álcool como um potencial substituto da gasolina. O "Maestro", como ficou conhecido, falava do combustível derivado da cana-de-açúcar, que tem no Brasil um dos principais produtores, e não do derivado de milho, feito pelos fazendeiros dos EUA.
A avaliação em relação à inflação de Greenspan encontrou eco no presidente do Fed de Atlanta, Jack Guynn, segundo o qual o BC americano não permitirá que o índice saia do controle. "Temos de acompanhar com muito cuidado e não baixar a guarda", disse. Sua opinião ganha peso porque ele é um dos membros votantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), que decide com Bernanke o aumento dos juros.
"Não vou pessoalmente correr o risco de que parte do aumento nos preços seja transitória e sumirá a curto prazo", disse Guynn "É mais difícil colocar o gênio de volta na garrafa [no sentido de reverter a tendência] se permitirmos que a inflação saia do nosso controle."
Já o Fed da Filadélfia divulgou resultado de estudo em que a previsão de inflação dos EUA para 2006 subiu para 3,3%, ante previsão anterior de 2,9%. O Livingston Survey é feito duas vezes por ano e ouve 44 economistas do mercado financeiro, de universidades e de grandes empresas.
Já o FMI publicou relatório sobre a economia americana na qual afirma que o país continua sendo a principal força de crescimento global, apesar da alta do petróleo, dos danos causados pela temporada de furacões de 2005 e da crescente alta de juros, mas demonstra preocupação com o déficit comercial e com a pressão inflacionária.
"Apesar de a previsão ser positiva, o desafio será manter o curso entre uma possível diminuição de atividade causada pelo desaquecimento do mercado imobiliário e as prováveis pressões inflacionárias causadas pelo baixo índice de desemprego e a alta do petróleo", conclui o texto.
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