Brasil perde fatia em dívida emergente
Dados levantados pela consultoria americana Emerging Portfolio a pedido da Folha indicam que a participação dos títulos brasileiros no conjunto dos mercados emergentes passou de 16,45% em 31 de março deste ano para 14,60% em 30 de abril, data do último dado disponível.
Na avaliação de Brad Durham, diretor da consultoria que monitora as aplicações de cerca de 10 mil fundos de investimento, a participação do Brasil deve ter se mantido nesse patamar nos últimas semanas. "Não acredito que deva cair para um nível abaixo de 14%", disse. Mas o analista também não vê uma recuperação instantânea.
Não há apenas um fator que explique a diminuição da fatia brasileira na carteira de emergentes. O primeiro, e que tem sido a causa do tremor em todos os mercados emergentes, é um cenário de aversão ao risco. Diante do prognóstico de que o Fed (banco central dos EUA) promoverá novas altas na taxa de juros, alguns investidores têm virado as costas para aplicações em papéis emergentes em favor de investimentos mais seguros, como nos EUA.
Há também, avaliou Durham, um movimento ainda discreto de realocação. No mesmo período em que o Brasil perdeu terreno, os títulos da dívida da Argentina e da Índia, por exemplo, ganharam espaço.
As Filipinas, que têm tido dez meses consecutivos de aumento de aplicações, também ajudam a pulverizar a atenção dos investidores. Nada que ameace a liderança do Brasil, mas pode ser o indicativo de uma tendência.
"Acho que eles estão explorando novos territórios. Pode haver o sentimento, entre alguns, de que já está na hora de realizar lucros nas aplicações do Brasil", disse Durham.
Outros possíveis destinos para os recursos egressos das aplicações da dívida brasileira são investimentos em mercados com volume expressivo de ativos denominados em moeda local.
Ações em queda
O temor de que Ben Bernanke, presidente do Fed, aumente os juros também afeta o mercado de ações emergentes. Esses papéis caíram para seu menor nível em quase cinco meses.
O Índice dos Mercados Emergentes do Morgan Stanley Capital International (MSCI), que monitora ações de 26 países em desenvolvimento, caiu 2%, para 744,14 pontos, ontem às 14:33 (horário de Nova York), seu patamar mais baixo desde 18 de janeiro.
"Há simplesmente um grau muito elevado de incerteza com relação à política monetária nos EUA e às conseqüências sobre os afluxos para os mercados emergentes", disse Beny Fiterman, do Banco Alfa de Investimentos de São Paulo.
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