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Economia
Quarta - 07 de Junho de 2006 às 08:13
Por: Marianna Perez

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R$ 2,96. Esta é a média de preços de varejo para o litro da gasolina em Cuiabá e Várzea Grande. De acordo com uma pesquisa realizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) até o último dia 3, o valor de bomba adotado na Capital mato-grossense é o segundo mais caro do Brasil dentre as capitais. No levantamento, a agência aponta que o preço local só perde por uma diferença de R$ 0,01 para Roraima, onde a média de preços é de R$ 2,97.

A pesquisa divulgada na última segunda-feira despertou a atenção do presidente do Conselho Regional de Economia de Mato Grosso, Pepeu Garcia. Segundo ele, não há justificativa para que o Estado -- que consome boa parte de um produto que chega por ferrovia -- possa ter preços praticamente idênticos aos de praças onde o frete roda mais mil quilômetros até o destino, como é o caso de Roraima.

“Praticamente a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é muito próxima entre os estados e, frete por frete, o custo de transporte até o Norte, por exemplo, é maior”, questiona. Em Mato Grosso a alíquota do ICMS sobre a gasolina é de 17%.

Garcia aponta um outro fator de destaque nesta pesquisa da ANP. “Perdemos por um centavo para Roraima e estamos apenas um centavo mais barato do que a média dos preços de Rio Branco (AC)”. Além destes estados, o economista chama a atenção aos preços médios em vigor para Tocantins (R$ 2,78) e de São Paulo, com cotação média de R$ 2,54. Na capital paulista, o litro da gasolina comum pode ser encontrado a R$ 2,49. “Atualmente, como houve uma melhora na logística do transporte de combustíveis para o Estado, por meio da Ferronorte, poderíamos ter uma realidade mais amena. Mato Grosso tem, na cidade de Alto Taquari, um terminal de combustíveis. Entre esta cidade e a Capital, são cerca de 500 quilômetros de transporte rodoviário apenas”, exclama.

Ele argumenta ainda que historicamente a variação de preços do distribuidor até o varejista oscilava entre 11% e 12%. “Agora a diferença de preços chega a 20%. Das duas uma: Ou é o distribuidor que está com uma alta margem de lucro ou é o revendedor [postos]”.

OUTRO LADO -- O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Mato Grosso (Sindipetróleo) revela que cerca de 78% do valor de bomba para o litro da gasolina se forma por meio de repasses de tributos federais, estaduais e municipais que são cobrados do segmento. Em outras palavras, R$ 2,30 são formados por tributos e taxas, como PIS-Cofins, INSS, Cide, ICMS, IPTU e ISS. “O sindicato considera a análise do economista vazia, pois as condições de logística são diferenciadas para estados ao Norte. Lá os custos com energia e mão-de-obra são menores e existem bases de combustíveis”, contrapõe a assessoria. Em Mato Grosso, cerca de 14% a 15% do valor do produto é formado pelos custos do frete.

A assessoria de imprensa destaca que nesta contabilidade não estão inclusas as despesas com o frete e pagamento de funcionários. Com o preço atual do litro da gasolina em Cuiabá e Várzea Grande, os revendedores obtêm uma margem líquida de 3% que, convertidos em cifras, são suficientes para reinvestir na aquisição de estoques. “De uma margem bruta de 20%, somente 3% sobram para reinvestimentos”. A assessoria destaca ainda que a reposição de estoques neste segmento é freqüente, em média uma vez por semana. “Comportamento diferente da maioria do comércio”. Cada reposição de estoques requer investimento de cerca de R$ 40 mil a R$ 50 mil.

O sindicato reconhece que o preço final “é salgado”, mas argumenta que o valor ao revendedor “também é salgado”.

O Sindipetróleo destaca ainda que o preço final ideal ao litro da gasolina seria entre R$ 3,10 e R$ 3,12. “Porém sabe-se que isso é insustentável ao consumidor”.

HISTÓRICO -- A assessoria do Sindipetroléo destaca que existem, entre as duas cidades, 190 postos em concorrência. “Em 2001 eram comercializados cerca de 120 mil a 150 mil litros/mês entre 50 postos em atividade entre Cuiabá e Várzea Grande. Agora, são 190 postos que em média comercializam 40 mil litros/mês. A concorrência aumentou, as vendas caíram, porém os custos operacionais aumentaram”.





Fonte: Diário de Cuiabá

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