Livro de cuiabano é referência para Medicina Legal
O livro de 483 páginas é referência para o cotidiano do trabalho de profissionais de Medicina Legal, advogados e estudantes de Medicina e Direito. Ele será lançado nesta quinta-feira (08.06), na sede do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), às 19 horas. Como outros mato-grossenses, Hermes dignifica o Estado em nível nacional com o conhecimento construído com persistência e visão do bem-comum.
A publicação, em sua segunda edição, foi atualizada pelos professores de Medicina Legal Genival Veloso de França, da Universidade Federal da Paraíba, coordenador da edição; Jorge Paulete Vanrell, da Universidade Paulista (UNIP); Luis Carlos Cavalcante Galvão, da Universidade Estadual de Feira de Santana. Aos 78 anos, o doutor Hermes encontrava-se impossibilitado de reescrever a obra.
O secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, médico Antônio Kato, aluno do professor Hermes, diz que o exemplo de homem simples e amigo engrandeceu conhecimento técnico do qual Mato Grosso se orgulha e tem contribuído nos últimos anos. “O doutor Hermes conseguiu inovar, trazer luz à prática do conhecimento científico da Medicina Forense”, comenta Kato. “Ele contribui bastante para a prática nessa área e também na divulgação da especialidade, por meio de livros e ensino”, diz.
Kato frisa que Hermes foi um mato-grossense que conseguiu reconhecimento entre colegas do Distrito Federal e de todo o Brasil. Em Brasília, foi presidente do CRM-DF e sempre atuou como professor da UnB, da Universidade do Distrito Federal (UDF) e médico legista do Instituto Médico Legal do Distrito Federal.
O secretário de Mato Grosso diz que a obra é referência não por ser de um mato-grossense, mas porque os doutores Hermes e Genival são “homens respeitados na área”. “São pessoas que têm carreira bastante rica da prática e ensino de Medicina Forense. São todos médicos respeitados”.
O coordenador da segunda edição do livro, professor Genival, conta a história profissional do doutor Hermes como alguém que liderou toda uma categoria no Movimento de Renovação Médica no Centro-Oeste com o processo de redemocratização no Brasil no início da década de 1980. Sua luta restabeleceu uma noção nova em termos filosóficos e políticos nos Conselhos de Medicina.
“O movimento deu base para a contribuição na Constituinte na área médica de Direitos Humanos”, defende, ao acrescentar sobre o homem correto, simples e bom. Segundo o professor da UFPB, houve uma ação do cuiabano Hermes a favor do exercício médico para o trabalhador. “Não a Medicina feita para a elite, pois atualmente alguns defendem a medicina privada”, relata.
“Ele, com o livro, transmite aos profissionais, aos alunos de Direito e Medicina um projeto de compromisso com a sociedade, em nome da verdade”, afirma Genival. “Mostra e faz o trabalho de um perito legal como ação social para a comunidade”.
“Ele sai da rotina de perito médico-legal e é o maior conhecedor da legislação do que veio a se chamar hoje Direito Médico”, testemunha o professor Genival sobre a vanguarda do doutor Hermes. “Ele se notabilizou como perito e professor. Foi o primeiro legislador médico, da doutrina jurídica na área médica”, esclarece sobre o papel do livro “Perícia Médica Judicial”, em um segmento de títulos escassos.
Médica patologista, Adília Jane Alcântara Segura, diz que a contribuição deixada pelo pai é a difusão do conhecimento da área médica. “O legado desse livro é tornar prática e de fácil entendimento a Medicina Legal. Durante vinte anos meu pai tentou atualizar essa obra, que o grupo do professor Genival conseguiu em menos de um ano”, disse.
O homem público
Amigo do cuiabano Hermes de Alcântara, o professor Aecim Tocantins diz que ele era de família modesta, do lugarejo do Rio da Casca, nascido em 1927 e que teve a humildade como uma das condições impulsionadoras da sua vida, como a graduação na Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil (RJ), atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O professor Aecim conta que a atuação profissional exemplar do doutor Hermes fez com que ele fosse convidado a contribuir para políticas públicas. Por isso, foi secretário de Educação, Cultura e Saúde do governador Fernando Corrêa da Costa e do prefeito de Cuiabá, Garcia Neto.
“Ele é homem de forte inteligência, de muita polidez e firmeza, um exemplo para a educação de hoje. Ele tinha determinação de vencer, uma pessoa de poucos recursos e que se projetou dessa maneira. Isso é determinação divina”, relembra o professor. Aecim informa que o doutor Hermes casou-se também com uma mulher de muita inteligência e educação que o ajudou a crescer na vida profissional, Eufrosina Asvolinsque Rodrigues de Alcântara.
O livro
O livro “Perícia Médica Judicial” foi estruturado em quatro partes. A primeira parte reúne um mergulho de conhecimento a respeito de perícia médica, com tópicos como finalidade da sua aplicação; leis que a regem, como o Código de Processo Penal e Civil, Código de Ética Médica, resoluções e pareceres do Conselho Federal de Medicina (CFM); normas e procedimentos; documentos médico-legais e modelo de parecer forense.
Útil para disciplinas médico-legais, a obra traz nas divisões seguintes os objetivos, a definição, legislação, interpretação de resultados e modelos de laudos e pareceres. Ao todo, são 15 exames detalhados no corpo vivo (na segunda parte), outras três perícias para corpo morto e sua conservação (terceira parte). Na última divisão do livro está a descrição de exames de laboratório (o datiloscópico, o histopatológico, de líquidos e manchas e o toxicológico analítico médico-legal).
Além do livro “Perícia Médica Judicial”, o doutor Hermes Rodrigues de Alcântara é autor de outras publicações: “Responsabilidade Médica”, “Toxicologia Geral”, “Saber Interpretar Sintomas e Sinais de Intoxicações e Envenenamentos”, “Deontologia e Diceologia” e “Anteprojeto do Código de Moral Profissional do Médico”.
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