População de Königstein tem aulas para lidar com brasileiros
"As culturas são muito diferentes, não queremos fazer feio com visitantes tão ilustres", explica Helm, que ajudou a promover cursos, palestras e workshops.
À chegada dos jogadores, ontem, todo o staff do hotel Kempinski entoa a frase "Ah, Eu tô maluco!", na porta; eles aprendenderam especialmente para homenagear a seleção.
Agora que a festa começou, a praça experimenta diversos momentos de "pororoca cultural": grávida do segundo filho, a mineira Cleimárcia de Oliveira, 35, moradora de Mainz desde 2002, apresenta o marido com gestos, já que ainda não fala direito o alemão.
"Ele é mecânico industrial", ela diz, mostrando com a mão o marido Martin Baron, 33. Cleimárcia olha para ele esperando aprovação, mas Martin parece não entender muita coisa do que ela diz _,apenas olha com uma expressão meio perdida.
Mais à vontade, a negra baiana vendedora de acarajé e manicure chama o marido às gargalhadas.
Josilene Xavier Dries, 35, conta que está casada com Klaus Dries há um ano e cinco meses e que os dois têm uma banda de samba chamada "Bateria Infernal".
"Eu agito em qualquer lugar", diz Josilene, que já foi casada com um sergipano, tem um filho de 16 anos, e conheceu o marido no Pelourinho, quando ele passava férias em Salvador.
"Alemão é louco com 'os' pretinhas. Cerca de 80% dos brasileiros que moram na Alemanha são mulheres", afirma o lobista Hans-Jürgen Thien, 68, casado há 38 com uma dinamarquesa. Thien morou no Brasil e diz que, sim, também teve uma amante.
"Ela nasceu no Ceará, mas era braquinha e nada 'bôrra'; estudou direito e sabia alemão", conta.
Segundo Thien, a diferença entre a dinamarquesa e a cearense "é a temperatura na cama". "As brasileiras são muito mais quentes. E, se você quer saber, elas transformam o ambiente alemão com sua presença", acredita.
Thien acompanha a reportagem em uma visita ao Festung Königstein, um castelo de cerca de 800 anos onde acontece a exibição "Joga Bonito" de futebol, para um público de mais de mil pessoas; à noite uma das salas do castelo abriga uma mega festa de música eletrônica.
Por enquanto, na rua principal da cidade, ouve-se um inesperado rap alemão. "É difícil entender, só tem gíria", diz Thien, franzindo a testa.
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