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Cidades/Geral
Segunda - 05 de Junho de 2006 às 17:11

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Um grupo de cerca de 80 índios do Parque Indígena do Xingu viajará para Brasília onde pretende discutir a construção da pequena central hidrelétrica Paranatinga II, em Campinápolis (500 quilômetros de Cuiabá). Cerca de 130 índios invadiram na semana passada o canteiro de obras e mantiveram 220 trabalhadores em cárcere privado por três dias. Ao abandonarem o local, no sábado à noite, eles depredaram diversas instalações, levaram uma camionete L200 e saquearam aparelhos eletrônicos, alimentos, ferramentas e objetos pessoais dos trabalhadores.

A viagem para Brasília foi decidida nesta segunda-feira, durante reunião de uma comissão de xinguanos com o presidente substituto da Funai, Roberto Lustosa, que se comprometeu a assumir todos os custos do deslocamento em dois ônibus. De acordo com a procuradora federal Ana Maria Carvalho, que negociou o fim da invasão, o grupo deverá visitar o desembargador do Tribunal Regional Federal João Batista Moreira, o Ministério Público Federal, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Segundo Ana Carvalho, a viagem deverá acontecer nos próximos dias. “Estamos cumprindo o acordo que fizemos com os índios para o fim da invasão”, afirmou. Pelo acordo, a Funai se comprometeu em financiar a viagem e oferecer todo o apoio jurídico aos índios. Eles pedem a paralisação definitiva das obras por acreditarem que o Kuarup teria se iniciado no exato local da obra. Um estudo científico, porém, comprovou que o sítio sagrado está localizado a 7 quilômetros abaixo do rio Culuene. A identificação foi feita por anciões Kalapalo, cuja etnia é considerada a “dona da memória” do Kuarup.

O movimento contra a PCH é comandado por jovens líderes indígenas. A invasão não foi apoiada pelos caciques do Xingu. A Paranatinga Energia S/A, concessionária da construção, ainda não calculou o total dos prejuízos causados pela depredação e saques nas instalações da obra. O diretor de Operações da empresa, Manuel Martins, disse que mantém abertas as negociações com os povos indígenas do Xingu e com a Funai. “A empresa está com o licenciamento rigorosamente em dia e estamos dispostos a negociar a revisão do termo de compromisso assinado com os caciques das 14 etnias do Xingu”, disse.





Fonte: RMT Online

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