Mais de 600 mil estudantes fazem greve no Chile
Grupos de manifestantes encapuzados incendiaram pneus na rua Alameda, no centro de Santiago, e em uma estrada. O fogo foi apagado rapidamente. Em todo o país, estudantes realizaram manifestações pacíficas dentro das escolas.
Os dirigentes do movimento afirmaram que se trata de um dia de "reflexão" sobre a crise na educação, mas o grupo de extrema esquerda Frente Patriótico Manuel Rodríguez (FPMR) convocou os manifestantes para realizar uma passeata à tarde na capital.
Os universitários juntaram-se ao protesto, e os líderes estudantis estavam tentando conseguir uma reunião com a presidente Michelle Bachelet, que enfrenta o momento mais tenso de seu governo desde que tomou posse, no dia 11 de março.
A presidente anunciou na semana passada um amplo programa de melhorias na área da educação, ao custo de cerca de US$ 135 milhões ao ano, mas não conseguiu contentar os estudantes, que exigem transporte público gratuito para todos.
As negociações com os estudantes estão sendo chefiadas pelo ministro da Educação, Martín Zilic. As manifestações começaram há quase um mês, em um pequeno grupo de escolas, mas foram ganhando força com o apoio de pais e professores. "O ministro não apresentou uma solução concreta em torno desse tema, portanto faz sentido que continuemos nos mobilizando", disse María Jesús Sanhueza, uma das porta-vozes dos estudantes, ao Canal 13.
Bachelet disse na semana passada que os benefícios anunciados por ela constituíam o "máximo esforço que o governo pode fazer" e argumentou que o país tem outras prioridades, como nas áreas da saúde e da habitação, que também precisam ser atendidas.
Os cofres chilenos estão cheios devido à alta dos preços do cobre, principal produto de exportação do país, e os estudantes exigem que o governo gaste mais com a educação. O Ministério da Fazenda insiste em dizer que o Chile manterá a austeridade fiscal para honrar seus gastos quando o preço do cobre baixar.
As autoridades de Santiago não autorizaram a realização de passeatas na segunda-feira, e os principais pontos do centro da capital estavam sendo fortemente protegidos pela polícia, que reprimiu as manifestações na semana passada. "Tomamos todas as medidas para proteger a ordem pública e esperamos que o dia seja pacífico, que se cumpra o que os estudantes haviam pedido, que não haja violência", disse o ministro do Interior, Andrés Zaldívar.
"Vamos nos manifestar de forma pacífica", disse um assessor da FPMR, Jorge Gálvez. O grupo operou como guerrilha de esquerda durante a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990).
Na semana passada, vários alunos e jornalistas ficaram feridos no confronto entre manifestantes e a polícia. Bachelet, que não tinha suspendido a viagem a Washington programada para os próximos dias, reagiu com indignação à violência policial, e os comandantes responsáveis foram destituídos de seus postos.
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