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Nacional
Segunda - 05 de Junho de 2006 às 06:50

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Assassina fria e calculista, capaz de planejar a morte dos próprios pais por dinheiro, ou uma menina inocente, vítima da paixão alucinada pelo homem com quem perdeu a virgindade? As duas teses, de acusação e defesa, serão debatidas a partir das 13h desta segunda-feira, no julgamento de Suzane von Richthofen, de seu ex-namorado, Daniel Cravinhos, e do irmão dele, Christian, no Fórum de Barra Funda, São Paulo. Os três confessaram o assassinato dos pais de Suzane - Manfred Albert e Marísia von Richthofen -, ocorrido em 2002.

A moça vai contar sua versão no tribunal, segundo orientação dos advogados Mauro Nassif e Mario Sérgio de Oliveira. Eles afirmaram que Suzane deverá responder a todas as perguntas do juiz, defesa e jurados, mas vai se calar durante o interrogatório da promotoria.

"É direito dela ficar calada quando achar que deve", disse Oliveira. Ele e Nassif chegaram ao apartamento do ex-tutor de Suzane, Demivaldo Barni, às 17h30 de ontem.

"Estamos aqui mais para dar um apoio moral. Mas vamos ler algumas partes do processo", explicou Nassif. Sábado os advogados ficaram quase cinco horas reunidos com Suzane para acertar os últimos detalhes. Segundo Nassif, foi a própria Suzane que manifestou a intenção de falar no tribunal:

"Ontem (sábado), quando as pessoas passavam e gritavam assassina, ela disse que queria que eles soubessem da história dela."

As manifestações de repúdio contra a garota também foram motivo para os advogados pedirem que o julgamento fosse transferido para outra cidade. A decisão, porém, tem que sair até o meio dia de hoje, antes do início do julgamento.

De acordo com os advogados, Suzane está abalada emocionalmente, come pouco, tem rezado bastante durante o dia e brincado com os passarinhos.

Para promotor, ela já está condenada "Vou dizer ao júri que essa moça planejou friamente a morte dos pais. É uma assassina pelo motivo mais torpe: dinheiro. Não era uma virgem, uma abduzida, que participou sem ter noção do que fazia. Ela concebeu e planejou o crime", afirma o promotor Roberto Tardelli.

Ele garante que os "truques" da defesa não vão surtir efeito. Segundo ele, o que se discutirá não será a inocência de Suzana, mas o tamanho da pena.

"Não adianta tentar artifícios. O debate vai ser sobre a fixação da pena", declarou o promotor. Suzane pode pegar até 60 anos. Entre as testemunhas arroladas pela acusação está o irmão de Suzane, Andreas, parentes e policiais.

Sem transmissão pela TV Uma das maiores polêmicas em torno do julgamento de Suzane e dos irmãos Cravinhos foi a permissão do juiz Alberto Anderson Filho para que a sessão fosse transmitida ao vivo. Mas o Tribunal do Júri derrubou a decisão, proibindo a transmissão. Ontem, o ministro Nilson Naves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), manteve a proibição ao negar mandado de segurança da Associação dos Advogados Criminalistas de São Paulo (Acrimesp), que pedia autorização para a transmissão.

Nilson Naves manteve a liminar proferida pelo desembargador Walter de Almeida,que permite apenas filmagem no início do julgamento e quando a sentença for proferida. "Em vários países os julgamentos são realizados a portas fechadas", concluiu o ministro. A sentença deve sair em três dias.

Três dias de duelo de teses O julgamento do caso Richthofen será um longo embate entre os advogados de acusação e da defesa. Serão três dias em que as atenções da opinião pública do País estarão voltadas para o juiz Alberto Anderson Filho, do 1º Tribunal do Júri. A primeira decisão do magistrado será se Suzane von Richthofen e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos serão julgados juntos ou separadamente.

A defesa de Suzane alegará que a jovem foi coagida pelo ex-namorado Daniel Cravinhos, com quem teria tido sua primeira relação sexual. "Mulheres entendem de amor e de virgindade. Mesmo apaixonados, homens têm um limite. Mulheres, não", diz o advogado Mauro Otávio Nacif.

"Suzane era dominada pelo namorado, era um capacho, um cachorrinho e estava apaixonada. Daniel foi seu primeiro amor. Descobriu o sexo, foi viciada em maconha por ele. Estava completamente envolvida", acrescenta.

Para a Promotoria, Suzane não foi coagida. "Se fosse, ela não iria a motel após o crime. Ela planejou tudo e permitiu a entrada dos executores em sua casa", dispara o promotor Nadir Filho. Outro fator que, de acordo com ele, complica a situação de Suzane é a briga pela herança dos pais. "Ela entrou com ação na Justiça pedindo para se tornar a gestora de patrimônio avaliado em R$ 1 milhão. Dinheiro foi a principal motivação desse crime", ressalta ele.





Fonte: Terra

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