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Internacional
Domingo - 04 de Junho de 2006 às 23:00

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O Hamas e o Fatah iniciam hoje as negociações para um consenso sobre o chamado "plano dos prisioneiros" para um futuro Estado palestino, ao passo que aumentam os desentendimentos entre as partes.

O primeiro-ministro do Governo do Hamas, Ismail Haniyeh, reiterou hoje sua oposição à realização de um plebiscito, enquanto o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, afirmou que se até terça-feira o movimento islâmico não aprovar o plano, vai convocar a consulta popular.

Abbas convocou as negociações e exigiu que todas as facções palestinas aceitem o plano, caso contrário vai realizar o plebiscito para saber se a população é contra ou a favor do "Documento de Reconciliação Nacional" dos presos.

O plano propõe que para negociar a paz com Israel, o país terá que devolver a Cisjordânia ocupada, libertar 8.500 palestinos considerados "presos de segurança" e autorizar o retorno ao país dos refugiados das guerras de 1948 e 1967.

O documento foi assinado por prisioneiros do Fatah liderados por Marwan Barghouthi e por integrantes do Hamas que divergem da posição dos seus líderes, entre os quais Haniyeh.

Abbas exigiu que os representantes do Hamas e do Fatah cheguem a um consenso sobre o "plano dos prisioneiros", cujo conteúdo tem sido motivo de novos desentendimentos entre os dois grupos, até a manhã de terça-feira.

O "comitê trilateral" responsável pelas negociações é formado pelo presidente e o ex-presidente do Conselho Legislativo palestino, Aziz Dueik, do Hamas, e Ruhi Fathi, do Fatah, respectivamente, e por Munib Al-Masri, mediador independente.

Haniyeh rejeitou a proposta dos prisioneiros alegando que aceitá-la implicaria o reconhecimento de Israel, que, segundo a plataforma política do Hamas, está em "terras sagradas do Islã".

Analistas políticos palestinos e israelenses afirmam que se a consulta for realizada, o Hamas - no poder há menos de três meses - pode sofrer uma derrota, uma vez que pesquisas indicam que a maioria da população palestina está a favor das negociações de paz com Israel.

Após a ascensão do Hamas ao poder e a posterior suspensão da ajuda internacional, cerca de 165 mil funcionários públicos e policiais da ANP estão sem receber salários, o que aumentou a tensão em Gaza.

Os Estados Unidos, a União Européia (UE) e Israel, este responsável por recolher os impostos da ANP, deixaram de transferir as doações e as arrecadações porque o Governo do Hamas, entre outras coisas, se nega a reconhecer o Estado israelense e a depor as armas.

Os líderes dos dois movimentos também enfrentam divergências sobre suas respectivas atribuições em matéria de segurança, e Abbas ameaçou convocar o plebiscito em 30 dias na Cisjordânia, em Gaza e em Jerusalém caso as negociações fracassem.

Para Haniyeh, o plebiscito sobre o plano de paz dos prisioneiros "é desnecessário", pois a grande maioria do povo palestino escolheu os candidatos do Hamas e sua plataforma nas eleições gerais de janeiro passado. Além disso, ele afirma que esse tipo de consulta é ilegal.

Uma das exigências de Abbas a Haniyeh é o reconhecimento de Israel, o que impulsionaria as negociações para o estabelecimento de um Estado palestino na Cisjordânia e em Gaza com o apoio da comunidade internacional.

O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, que hoje se reuniu no Egito com o presidente Hosni Mubarak, disse antes de viajar que o referendo é um assunto interno palestino.

Aos desentendimentos entre as facções, se somam os conflitos entre as milícias do Hamas e do Fatah, os quais já causaram a morte de sete pessoas e ontem à noite deixaram outras três feridas.

Abbas classificou como "ilegal" a criação de uma "força de ajuda" com 3 mil milicianos do Hamas em Gaza e, neste final de semana, disse que não irá até a região se a milícia não for dissolvida.

Em resposta, o Fatah também criou sua milícia e cerca de 2.500 milicianos já patrulham Jenin e Tulkarem.





Fonte: EFE

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