Um dia após a polêmica envolvendo um suposto ato de racismo contra o atacante Neymar, do Santos, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, afirmou nesta quinta-feira que pretende lançar uma campanha nos estádios brasileiros contra a discriminação racial.
Segundo ela, "já passou da hora" de uma mobilização contra o racismo no futebol do Brasil, citando o país como sede dos principais eventos esportivos nos próximos anos: a Copa das Confederações de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
"Em todos os casos de racismo contra jogadores negros o uso da palavra macaco tem sido mais que recorrente numa tentativa de desumanização do atleta negro", afirmou ela à Reuters.
A campanha, que está em fase de idealização mas que poderia começar antes da Copa das Confederações, em junho, será feita em conjunto com o Ministério do Esporte, liderado pelo ministro Aldo Rebelo.
"Temos alertado para a necessidade de efetivamente se fazer um campanha no Brasil em preparação para a Copa contra o racismo no futebol. Já passou da hora de fazer isso e não podemos deixar que essas manifestações sejam potencializadas", declarou a ministra.
A ideia, de acordo com Luiza Bairros, é fazer uma campanha sócio-educativa no país contra o racismo, mas ela não descarta de, no futuro, o Brasil começar a pensar em punições aos infratores a exemplo do que já vem fazendo alguns países da Europa.
"Queremos mostrar que o esporte é um exemplo de que a diversidade só ajuda a excelência ... não dá para ter racismo onde você depende de todo mundo, ainda mais num esporte onde o negro é uma excelência", disse ela. "Acho que tem que ser uma campanha de conscientização, mas, no limite, partir para a punição mesmo, como se tem pensado na Europa."
Para a ministra, os próprios jogadores brasileiros negros "já estão perdendo" o medo de denunciar casos de racismo nos estádios de futebol.
Na quarta-feira, durante jogo do Campeonato Paulista entre Santos e Ituano, o atacante Neymar reclamou com o árbitro que o técnico do Ituano, Roberto Fonseca, o teria chamado de "macaco". O treinador negou, e depois o jogador do Santos disse que pode ter entendido errado.
Luiza Bairros disse que pretende contatar Neymar para entender o caso e considera chamá-lo para colaborar com a campanha anti-racismo no Brasil. "Li a notícia ainda ontem e nem o próprio Neymar estava seguro de que o fato realmente ocorreu. Podemos conversar com ele e ver como ajudar", disse a ministra.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)
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