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Sábado - 03 de Junho de 2006 às 12:52

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Foi por muito pouco que 23 árvores quase foram arrancadas do vale do Anhangabaú ontem, com autorização da Prefeitura de São Paulo, porque atrapalhariam a visão de um telão que transmitirá os jogos da Copa do Mundo.

Logo pela manhã, funcionários da empresa responsável pelo evento "Torcida Brasil no Vale do Anhangabaú" começaram a cavar buracos para a remoção das árvores.

A Prefeitura de São Paulo, que anteontem liberou no "Diário Oficial da Cidade" o transplante das árvores, no final da tarde determinou a suspensão do serviço.

A gestão Gilberto Kassab (PFL) alegou que a empresa Playcorp começou os trabalhos antes de assinar um termo de compensação ambiental.

A decisão foi anunciada pela prefeitura após órgãos de imprensa questionarem a administração sobre a necessidade da remoção das árvores.

Em nota oficial, a SP Turis diz que, "tão logo foi informada de que a Playcorp havia iniciado a intervenção na área antes da assinatura do termo de compromisso ambiental", determinou a suspensão das ações.

Segundo a nota, não está autorizada nenhuma intervenção ambiental na área e "nenhuma árvore foi ou será retirada".

No "Diário Oficial da Cidade" de anteontem, a Secretaria do Verde autorizou o transplante das 23 árvores --seriam arrancadas 13 palmeiras, um araribá, dois ipês-roxos, quatro goiabeiras e três jabuticabeiras.

Segundo o secretário Eduardo Jorge, o pedido inicial era para retirar 40 árvores e replantá-las longe do Anhangabaú, que é uma área tombada.

A secretaria diz que chegou a um acordo e permitiu o transplante das 23 espécies no próprio vale. Ele diz ter levado em conta não só esse evento "mas também a possibilidade de ter um local seguro e de fácil acesso para outros eventos com grande número de pessoas".

"É uma forma de não pressionar a avenida Paulista, por exemplo, e mesmo manter nossa proibição de uso da praça da Paz no Ibirapuera", disse.

A arquiteta Rosa Kliass, uma das autoras do projeto do vale do Anhangabaú, afirmou que as árvores que seriam retiradas ontem não fazem parte do planejamento original do local e foram postas lá sem aval dos idealizadores da área. "São árvores espúrias ao projeto. Em São Paulo tudo é feito sem critério", afirmou a arquiteta.

Riscos

O transplante não garantiria a vida das 23 árvores. Sempre há risco, segundo especialistas, de as plantas não conseguirem sobreviver ao procedimento.

Segundo a engenheira florestal Vera Lex Engel, professora da Unesp em Botucatu, esse período mais frio e seco não favorece os transplantes. É mais difícil para a planta fazer fotossíntese e, dessa forma, recuperar suas raízes.

De acordo com Engel, há uma série de cuidados necessários para a planta resistir. "O transplante de palmeiras não é tão problemático porque as raízes são bem coesas. Mas é preciso irrigar bastante porque o sistema radicular fica abalado."

No caso das árvores frutíferas, o procedimento é mais complicado. "É preciso retirar um bloco de terra maior, pois as raízes se espalham mais."

Segundo o engenheiro agrônomo responsável pelo serviço no Anhangabaú, Renato Madeiro, o transplante de árvores de pequeno porte custa até R$ 1.000; o de uma árvore de porte médio custa até R$ 5.000 e o gasto com uma de grande porte pode chegar a R$ 10 mil.





Fonte: Folha Online

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