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Economia
Sexta - 02 de Junho de 2006 às 16:51
Por: Jonas da Silva

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O “Atlas da Economia Solidária no Brasil” detalha a força de uma nova forma de produção que avança em Mato Grosso e em todo o território nacional como estratégia de desenvolvimento sócio-econômico. A idéia, que está no centro dos debates da Conferência Estadual de Economia Solidária, tem seus argumentos no movimento da rede de produção e consumo compartilhado.

Os empreendimentos solidários mapeados em Mato Grosso somam 543 projetos com base em 65% dos municípios, segundo levantamento de base para o atlas, realizado por universidades públicas e privadas que atuam no Estado e a Delegacia Regional do Trabalho, por intermédio da Equipe de Gestores Estaduais de Economia Solidária. A atividade representa atualmente 12% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. São cerca de 15 mil empreendimentos em todo o Brasil.

O conceito da economia solidária como indutora do desenvolvimento é defendido pelo economista, mestre em Economia Rural pela Universidade Técnica de Lisboa e professor da UFMT, Gerson Rodrigues. “Economia solidária não é a acumulação de capital, é inclusão social, melhoria de qualidade de vida, emprego, modelo de cooperação e solidariedade na produção”, define.

Gerson diz que, em média, cada empreendimento reúne 10 famílias. “Não é organização assalariada. Mas todos são parte do processo de produção e beneficiam desse resultado”.Os projetos produtivos identificados como de inclusão social e auto-suficiência de comunidades têm referência na organização do trabalho indígena e de quilombolas, afirma. Não é comum no meio urbano, mas é freqüente no Centro-Sul do Brasil, com as cooperativas e associações.

A professora da Unirondon e da equipe que elaborou o estudo, Marilise Doege Esteves, diz que o mapeamento permitiu visualizar as informações da economia solidária e casos de bom desempenho com os princípios do setor. Os dados do atlas estão disponíveis no site da Secretaia Nacional de Economia Solidária, ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego (www.mte.gov.br)

“A realidade da economia solidária é legítima representação das comunidades em resistir e construir uma sociedade mais justa, igualitária, menos violenta e promotora do bem-estar comum”, relata ensinamentos de experiências.

Mulheres de Fibra

Um desses exemplos, diz Marilise, é o modo de artesanato praticado por um grupo de mulheres de Nova Olímpia, denominado “Mulheres de Fibra”. A produção por associativismo de 20 mulheres utiliza resíduo da cana-de-açúcar, produto dominante na região do Médio Norte de Mato Grosso, para fazer flores, papel reciclado, caixas, abajur e outros utensílios de decoração e uso doméstico.

A marca mais importante que ela destaca do trabalho são a valorização e inclusão de mulheres na alavancagem da produção. “Além da valorização do ser humano, há a vontade de criar um futuro sustentável. A economia solidária é 70% o trabalho da mulher, em artesanatos de toda ordem”, testemunha.

Segundo Marilise, a atuação das mulheres é a transferência do modo de produção tradicional, de trabalhos manuais, com doces e que “ensinam para seus filhos, para a comunidade, no conceito de sustentabilidade”. “Essas medidas são para se ter trabalho e trazer comida para a mesa. Essas mulheres estavam margeando o sistema”.

O trabalho, descreve, é realizado em parceria com a Associação dos Pais dos Excepcionais (APAE) e o Sebrae-MT, na orientação sobre formatação de projetos e comercialização. Segundo a professora, os trabalhos das mato-grossenses estão nas melhores revistas de arquitetura do mundo. A produção delas é exportada para Canadá, Estados Unidos e alguns países europeus.

Entre os participantes da I Conferência Estadual de Economia Solidária estão experiências de municípios como Vila Bela da Santíssima Trindade, Alta Floresta, Colíder, Barra do Garças, Luciara, Tangará da Serra, Cáceres, Luciara, Acorizal, Sinop, Sorriso, Barão de Melgaço, Poconé, Várzea Grande, Cuiabá, Chapada dos Guimarães e São Félix do Xingu, entre outros.





Fonte: Redação/Secom-MT

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