Papa condena anti-semitismo após ser criticado por discurso
O papa alemão de 79 anos fez o pronunciamento durante a audiência geral que realiza toda semana. No discurso, ele falou sobre sua viagem de quatro dias à Polônia, na semana passada, durante a qual homenageou seu antecessor, João Paulo 2o.
As recentes declarações de Bento 16 parecem ser uma resposta às críticas de alguns grupos judaicos, para os quais as declarações do papa em Auschwitz deveriam ter sido mais específicas e menos teológicas.
"No campo de Auschwitz-Birkenau, como em outros campos semelhantes, Hitler ordenou o extermínio de mais de 6 milhões de judeus", afirmou o papa diante de dezenas de milhares de pessoas reunidas na praça São Pedro.
"Em Auschwitz-Birkenau, 150 mil poloneses também foram mortos, junto com dezenas de milhares de homens e mulheres de outras nacionalidades. A humanidade hoje não deve se esquecer de Auschwitz e de outras ''fábricas da morte'', nas quais o regime nazista tentou eliminar Deus a fim de tomar o lugar Dele", afirmou.
"A humanidade não pode ceder à tentação do ódio racial, algo que está na origem das piores formas de anti-semitismo", acrescentou.
No domingo, concluindo uma peregrinação de quatro dias à Polônia, o pontífice refletiu sobre o quão difícil era para um alemão visitar um ex-campo de extermínio nazista e sobre o quão desafiador era, para qualquer um que acreditasse na figura de um Deus amoroso, entender o mal cometido ali.
No discurso proferido em Auschwitz, o papa chamou a si mesmo de "um filho da Alemanha" e perguntou por que Deus ficou em silêncio enquanto 1,5 milhão de vítimas morriam nesta câmara de horrores.
Em Auschwitz, Bento 16 usou duas vezes a palavra "Shoah" (o termo hebraico para o Holocausto) e disse que os líderes do Terceiro Reich desejavam "esmagar todo o povo judeu e apagá-lo do registro dos povos da Terra".
Alguns líderes judeus criticaram o pontífice devido à ausência de qualquer menção ao anti-semitismo em seu pronunciamento. Outros não concordaram com a afirmativa feita por Bento 16 de que a Alemanha havia sido dominada por criminosos nos anos 1930, como se Hitler não fosse popular à época.
"Estamos profundamente preocupados com o fato de o papa não ter citado expressamente o anti-semitismo que provocou o assassinato de mais de 1,5 milhão de judeus no local onde ele estava", disse em um comunicado Abraham Foxman, diretor nacional da Liga Antidifamação.
O discurso do papa em Auschwitz também foi criticado por vários religiosos judaicos, entre os quais o rabino chefe de Roma, Riccardo Di Segni, e Amos Luzzatto, ex-presidente das comunidades judaicas da Itália.
"Esperávamos mais. E o mundo merecia uma lição mais simples e mais direta desse pastor e pregador", afirmou Foxman.
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