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Cidades/Geral
Quarta - 31 de Maio de 2006 às 11:00

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A Câmara dos Deputados abrigou até meados deste mês ex-funcionários da empresa Planam, apontada como a responsável pela orquestração da máfia dos sanguessugas, e pelo menos um integrante da família de Darci Vedoin, sócio-proprietário da empresa.

Uma sobrinha de Vedoin, Paloma Vedoin Brondani, trabalhou como assessora parlamentar nos gabinetes dos deputados Benedito Dias (PP-AP), entre junho de 2003 e janeiro de 2004, e Sandra Rosado (PSB-RN), entre maio de 2004 e junho de 2005.

Roque José Brondani, cuja relação exata de parentesco com Paloma Brondani a Folha não conseguiu identificar ontem, foi assessor parlamentar da 3ª secretaria da Câmara em 2003 e 2004, e da 2ª secretaria, em 2005 e 2006. Em ambas as ocasiões, os órgãos eram comandados pelo deputado Nilton Capixaba (PTB-RO).

O petebista é o parlamentar contra o qual pesa a maior suspeita de participação no esquema dos sanguessugas, que veio à tona no início de maio depois que a Polícia Federal prendeu mais de 40 pessoas, incluindo dois ex-deputados, e quatro integrantes da família Vedoin.

Gravações telefônicas e perícia na contabilidade da Planam indicam que deputados e senadores recebiam propina da empresa para incluírem no Orçamento da União verbas para aquisição de ambulâncias para prefeituras. Após licitações forjadas, os veículos, superfaturados, seriam adquiridos da Planam. Capixaba tem diálogos gravados de assessores que o comprometem. Além disso, a contabilidade da Planam registra pagamento a ele ou a assessores de pelo menos R$ 380 mil entre 2001 e 2002. Também era sob o comando de Capixaba que pelo menos dois ex-funcionários da Planam trabalhavam na Câmara dos Deputados.

Francisco Machado Filho e Celso Augusto Mariano aparecem na contabilidade da empresa como funcionários em 2001. Nos anos seguintes, figuram na lista de assessores de Capixaba. O primeiro foi preso na operação da PF e, segundo seu advogado, confirmou que cedeu a Vedoin sua conta bancária e a senha do sistema de acompanhamento de emenda. Ele foi exonerado da 2ª secretaria da Câmara, comandada por Capixaba, no dia 15, mesmo dia em que saiu o ato de exoneração de Roque Brondani.

Paloma e Brondani não estão entre os 54 indiciados na Operação Sanguessuga, mas a PF e o procurador da República Mário Lúcio Avelar afirmaram que as investigações continuam.

Outros empregadores

Benedito Dias e Sandra Rosado, que empregaram a sobrinha de Vedoin, também figuram na lista de suspeitos de integrar o esquema. Dias aparece na contabilidade da Planam como recebedor de R$ 17 mil. Além disso, um ex-assessor seu, Erick Janson Sobrinho de Lucena, foi sócio de Vedoin e recebeu depósitos no valor de R$ 15 mil em julho de 2004.

Já Rosado tem ex-assessores e o seu marido, o ex-deputado Laire Rosado, registrados nos documentos apreendidos pela PF na Planam como beneficiários de vários pagamentos.

A sistemática da relação entre a Planam e o Congresso foi exemplificada pela ex-funcionária do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino --suposto braço da quadrilha no Executivo-- em depoimento à Corregedoria da Câmara. Ela trabalhou na Planam e, antes de ir para o ministério, foi assessora nos gabinetes de José Divino (PRB-RJ) Amauri Gasques (PL-SP). Quando era funcionária de Divino, disse que recebia R$ 600 como salário no gabinete e R$ 3.400 como complementação da Planam. O deputado nega ligação com as irregularidades.





Fonte: Folha de S. Paulo

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