Indústria e investimentos estimulam economia no 1o trimestre
O Produto Interno Bruto (PIB) avançou 1,4 por cento em relação ao quarto trimestre de 2005, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, a alta foi de 3,4 por cento. Os dados ficaram em linha com a previsão de analistas ouvidos pela Reuters.
"(O dado) mostra que a economia recuperou-se frente ao último trimestre do ano passado e confirmou a expectativa de que os investimentos estão crescendo. A formação bruta de capital fixo foi o destaque, a boa notícia", avaliou Newton Rosa, economista-chefe do Sul América Investimentos.
A formação bruta de capital fixo —uma medida dos investimentos— aumentou 3,7 por cento sobre o trimestre anterior e 9,0 por cento na comparação com o primeiro trimestre de 2005.
"Isso dá uma certa tranquilidade quanto à projeção (de expansão) de 3,5 a 3,8 por cento no ano", acrescentou Rosa.
O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, alertou, no entanto, para a composição desses dados.
"A parte dos investimentos não deixa de ser um dado importante, mas é preciso ver que boa parte (da alta) veio da construção civil. Então não foi tão significativo o aumento de capacidade".
INDÚSTRIA MAIS FORTE
Analistas também destacaram o desempenho da indústria, com crescimento de 1,7 por cento trimestre a trimestre e de 5 por cento sobre igual período do ano anterior.
O consumo do governo avançou 1,0 por cento frente ao quarto trimestre e 1,6 por cento sobre o início de 2005.
Já o consumo das famílias desacelerou, registrando alta de 0,5 por cento trimestre a trimestre. Sobre igual período de 2005, a expansão foi de 4,0 por cento.
"Houve surpresa na desaceleração do consumo das famílias... mostra que esse consumo não pressiona preços, então é um dado bom para o Copom (Comitê de Política Monetária)", afirmou Sandra Utsumi, economista-chefe do Bes Investimentos.
Alguns analistas esperam recuperação desse segmento ao longo do ano. "O aumento do consumo das famílias deve ser o principal dado para os próximos trimestres, refletindo aumento de renda, o reajuste do salário mínimo", acrescentou Campos Neto, do Schahin.
O IBGE acrescentou que o setor de serviços teve crescimento de 0,8 por cento sobre o quarto trimestre do ano passado e de 2,8 por cento na leitura anual.
SALTO DAS IMPORTAÇÕES
Em relação ao quarto trimestre, a agropecuária avançou 1,1 por cento, mas sobre o primeiro trimestre de 2005 houve retração de 0,5 por cento.
"A taxa da agropecuária pode ser explicada pelo declínio de alguns produtos na safra de 2006... É o caso, por exemplo, do algodão, do arroz, e do amendoim, cujas safras são relevantes no primeiro trimestre", apontou o IBGE em comunicado.
"Outro fator importante dentro da pecuária foi o desempenho dos bovinos, que ainda se recupera da ocorrência da febre aftosa."
As exportações de bens e serviços cresceram pelo 12o trimestre seguido, em 3,9 por cento. As importações saltaram 11,6 por cento, a maior taxa desde o final de 1996.
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