Produtores cobram medidas hoje
“Queremos, efetivamente, que o governo aplique as medidas anunciadas para que o pacote não fique só no papel, como das outras vezes”, afirma o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Homero Pereira, lembrando que uma nova estratégia de mobilização já está sendo preparada para os próximos dias. v “Por enquanto, a nossa orientação é para que os produtores suspendam os bloqueios nas rodovias. Não podemos, entretanto, impedir que manifestações isoladas ocorram em alguns municípios, pois é uma decisão local e temos que respeitar o sentimento das pessoas”, frisou Homero Pereira.
Segundo ele, os produtores vão aproveitar a reunião na Comissão de Agricultura para cobrar dos parlamentares o engajamento deles no esforço de tirar o agronegócio da crise. “Dos ministros, vamos solicitar a agilização e implementação das medidas, pois já estamos próximos do novo período de plantio e ainda não conhecemos os detalhes das medidas”, frisou.
Dentre as medidas anunciadas pelo governo, destacam-se a liberação de R$ 50 bilhões para o novo plano de safra, a ampliação do prazo de até 180 dias para cobrança administrativa da dívida vendida nos bancos, a destinação de R$ 2,8 bilhões para comercialização e sustentação de preços e R$ 10 bilhões para a agricultura familiar, além do refinanciamento das parcelas vencidas do Pesa e da securitização, com juros de 8,75% e prazo de quatro anos para pagamento e a expansão da linha FAT Giro Rural para R$ 4 bilhões e ampliação do prazo de pagamento para até cinco anos, com até dois anos de carência.
GARANTIA DE PREÇOS - O secretário de Política Agrícola do Mapa, Ivan Wedekin, informou ontem que a alteração na política de garantia de preços está entre as principais ações estruturais para o agronegócio, anunciadas na semana passada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
De acordo Wedekin, pela primeira vez os leilões de Prêmio de Risco de Opção Privada (PROP) começarão antes do plantio, aumentando assim a previsibilidade do produtor rural quanto ao seu fluxo financeiro futuro. Pretende-se também realizar um conjunto de lançamentos de contratos de opções de vendas e de compra.
“Antes de o produtor plantar, ele já terá garantido um nível de preço para a colheita que vai acontecer entre fevereiro e abril do ano que vem, permitindo um melhor planejamento”, explicou.
A idéia do governo é fazer leilões em julho e agosto deste ano. Somente em 2006, o governo disponibilizou R$ 2,6 bilhões para apoiar a comercialização da safra de grãos e elevar os preços no mercado, sendo R$ 1 bilhão específico para a soja.
PLANO DE SAFRA – Ivan Wedekin lembrou que o crédito destinado ao Plano Agrícola e Pecuário (PAP) para a safra 2006/07 (R$ 60 bilhões) é um dos maiores dos últimos anos, 12,5% a mais que o valor programado para a safra passada (R$ 53,3 milhões). Além disso, a participação dos recursos a taxas controladas no volume total de crédito para custeio e comercialização passou de 63% para 73%. “É dinheiro mais barato para o produtor”, acrescentou.
Outra medida importante, segundo o secretário, é a prorrogação automática pelo prazo de quatro anos, de parte dos créditos de custeio da safra 2005/06. O montante que será prorrogado irá variar em função da região e do produto.
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