Prefeitura de Cuiabá retira 24 mendigos
O mutirão, que deveria percorrer pelo menos seis pontos críticos na cidade, esteve em apenas dois deles, devido ao grande número de pessoas que deveriam passar pela triagem do programa, segundo o secretário Edivá Pereira Alves.
O município, que possui ao menos 200 pessoas vivendo nessas condições, não pode permitir que a situação continue. Além disso, o secretário enfatiza que a própria comunidade reclama por questões de segurança, pois entre os necessitados que não têm família ou um lar também vivem assaltantes e até suspeitos de crimes de homicídio, como foi detectado em abordagens anteriores.
O Centro de Triagem, para onde os recolhidos são levados, possui capacidade para mais de 50 pessoas e a média de tempo que ficam na instituição é de três dias, tempo suficiente para os procedimentos necessários que normalmente são realizados pela equipe.
Posteriormente eles são encaminhados para a casa de familiares ou instituições como a Casa do Albergado, onde são acolhidas pessoas desamparadas.
Psicóloga, assistentes sociais, médico e enfermeiros, além dos agentes que fazem o trabalho de recolhimento, acompanham, caso a caso, o histórico dos recolhidos, que na maioria das vezes possuem famílias na capital e por motivos diversos vão parar nas ruas.
Durante a abordagem de ontem, alguns reagiram com agressividade, pois recusavam-se a sair das ruas. Houve até quem fizesse discurso crítico. Um mendigo que não quis dizer o nome criticou as políticas públicas sociais e destacou: “essa é a nossa democracia?”
Outros entravam no carro da secretaria, sem reclamar, e houve até quem comemorasse, pelo fato de ser acolhido e ter comida. “Estou adorando, já fui pra lá duas vezes”, disse Simone Meire de Souza, de 20 anos.
Homem encontrado em cárcere privado
Um homem foi encontrado em situação de cárcere privado, no bairro Dr. Fábio, em Cuiabá, após uma denúncia anônima à SMASDH, pelo disque denúncia 0800 602 1234.
Além do trabalho de abordagem realizado pelo programa do município, de acordo com o secretário Edivá Alves, muitas denúncias chegam à secretaria por meio deste telefone. Paulo Corrêa Paiva, de 54 anos, foi encontrado num cubículo com grades, semelhante a um canil, segundo Benedito Salvador Martins, que é agente social do Programa Abordagem Solidária.
Segundo Salvador, ele era mantido no local por uma família que recebia R$ 400 mensais do próprio irmão de Paulo, um suposto empresário de Cuiabá. Levado para o centro de triagem, ele passa por exames médicos e o caso está sendo investigado.
Desde o início do programa, em janeiro de 2006, 309 pessoas já foram atendidas; 35 pessoas foram encaminhadas para o Benefício de Prestação Continuada (BPC), do INSS, destinado a deficientes físicos e mentais ou pessoas idosas, acima de 65 anos e outras, que foram para casas de familiares, órgãos e instituições de amparo, inclusive hospitais e presídios.
Moradores das regiões consideradas críticas, como no bairro do Porto e região central, próximo à Igreja da Boa Morte, reclamam dos moradores de rua, por diversos inconvenientes, e um dos motivos seria a prática de assaltos, principalmente dos que vivem no Porto.
Casal alega ter HIV e resiste à abordagem
Após a abordagem os recolhidos foram para o Centro de Triagem, mas um casal que resistiu muito em não ir para a instituição conseguiu fugir. Eles haviam construído até uma casa, na praça onde fica a Igreja da Boa Morte e tinham muitos objetos no barraco. Conviviam com um cachorro e alegaram ser portadores do vírus HIV.
A Polícia teve de usar a força para levar o casal, pois segundo o secretário, não poderiam continuar vivendo em tais condições, na rua, além do problema de saúde que alegaram ter. Todos os pertences do casal foram recolhidos num caminhão da Prefeitura e levados para o Centro de Triagem. No Porto, um outro casal também recusou a acompanhar a equipe, mas mesmo assim foi retirado da rua. Completamente alcoolizados, Ednildo Xavier alegou ser pescador e Cilene Silva, que disse estar grávida.
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