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Internacional
Domingo - 28 de Maio de 2006 às 09:30

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O presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, principal aliado dos Estados Unidos em uma região que vê com desconfiança o presidente norte-americano, George W. Bush, sempre conseguiu fazer sucesso indo contra a corrente. Um universitário conservador nos anos 1970, Uribe organizou formas de continuar tendo aulas quando protestos fecharam a faculdade dele. Enquanto isso, continuou vendendo comida para seus colegas manifestantes no campus, no restaurante A Grande Banana, do qual era co-proprietário.

Hoje um senhor de óculos de 53 anos ¿ mais parecido com um professor de geometria de colegial do que com um duro visionário latino-americano ¿, a compreensão de Uribe sobre como fazer negócios em meio a conflitos transformou-o no mais popular presidente colombiano da história.

As suas políticas estão ajudando a economia a atingir seus mais altos graus de expansão, apesar da guerra de guerrilha que assola o país desde os anos 60. E pesquisas de opinião afirmam que ele deve conseguir os 50 por cento mais um dos votos necessários para ser reeleito no primeiro turno do pleito presidencial, no domingo.

Uma popularidade que o dirigente deve, em grande parte, à investida contra os rebeldes de esquerda em uma operação que conta com o apoio dos EUA.

A maior parte dos eleitores agradece a Uribe por tornar suas vidas mais seguras. E, por isso, ignoraram as acusações feitas pela oposição de que o dirigente aproximou-se demais dos criminosos presentes nos grupos paramilitares de extrema direita.

A taxa de criminalidade nas áreas urbanas despencou desde 2002, quando Uribe tornou-se presidente após sair do Partido Liberal para lançar uma campanha de um homem só com a promessa de esmagar a insurgência.

A maior parte dos colombianos afirma adorar os resultados da política dele e incorpora a imagem do dirigente como um "paisa", o nome dado a trabalhadores sofridos vindos da Província de Antioquia (norte).

Mas há suspeitas sobre as ligações dele com as milícias organizadas nos anos 80 por proprietários de terra a fim de proteger suas fazendas dos rebeldes.

O governo colombiano nunca controlou todo o território nacional, legando à elite a tarefa de zelar por sua própria segurança. Muitas dessas milícias particulares transformaram-se em máfias paramilitares envolvidas com o narcotráfico e conhecidas por assassinar agricultores acusados de cooperar com os guerrilheiros.

Os paramilitares continuam enfrentando os rebeldes pelo controle do lucrativo comércio de cocaína no país andino. Milhares de civis morrem no fogo cruzado todos os anos, e dezenas de milhares são obrigados a abandonar suas casas.

Políticos da oposição e grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que Uribe, um rico fazendeiro cujo pai foi morto por rebeldes no começo dos anos 80, usou seu cargo a fim de proteger os líderes paramilitares daquilo que mais temem: serem extraditados para os EUA sob a acusação de tráfico de drogas.

Segundo as acusações, o acordo de paz selado por Uribe com esses grupos, em meio ao qual mais de 30 mil membros de milícias entregaram suas armas, não os obrigou a desmantelar suas organizações criminosas.

O presidente, que costuma meditar e que usa a ioga para controlar seu famoso pavio curto, atacou os meios de comunicação, no mês passado, pela divulgação de acusações de que sua agência de segurança tinha ajudado paramilitares a assassinar sindicalistas.

O grupo Human Rights Watch classificou como "francamente imprópria" a resposta de Uribe às críticas feitas em março, por oposicionistas, depois de o presidente ter dito que as autoridades corruptas do país seriam "linchadas".

"Sempre na fronteira

"Uribe sempre flertou com a idéia de que as pessoas têm o direito de fazer justiça com as próprias mãos, como ele mostrou ao fazer o comentário sobre o linchamento", afirmou Mauricio Romero, da Universidade Rosario, em Bogotá.

"Mas, apesar de ele sempre ter ficado na fronteira da retidão quanto aos paramilitares e ao direito de legítima defesa, ele consegue ficar do lado legalista dessa linha", acrescentou.

Nascido em uma fazenda de gado pertencente à família localizada perto de Medellín, Uribe, político sua vida toda, foi prefeito e vereador da cidade antes de assumir os cargos de senador e governador. Ele e a mulher, Lina Moreno, uma filósofa, possuem dois filhos.

A oposição diz que Uribe foi governador de Antioquia nos anos 90, quando a presença de paramilitares na região aumentou de forma drástica. Mas jornalistas lançaram um número incontável de investigações a respeito da relação dele com as milícias e nunca encontraram nada que pudesse prejudicá-lo politicamente.

Questionado sobre se há embasamento para essas alegações, o editor de uma importante revista colombiana respondeu: "Não vamos saber isso nunca". Horacio Serpa, candidato pelo Partido Liberal, e Carlos Gavíria, do partido esquerdista Pólo Democrático, aparecem bem atrás nas pesquisas de intenção de votos. "Ele criou laços muito fortes com o povo colombiano, e isso supera todas as suspeitas", afirmou Michael Shifter, do grupo de pesquisas Diálogo Interamericano.




Fonte: Reuters

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