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Internacional
Domingo - 28 de Maio de 2006 às 09:10

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A monção, carregada de riquezas e de misérias, chegou novamente à Índia, uma terra que espera sedenta por sua estação de chuvas. Como ocorre a cada ano, a monção chegou às costas do sul da Índia, e a partir daí subirá gradualmente rumo ao norte do país e irá mudando, com sua passagem, os hábitos da vida cotidiana.

Neste ano, a estação chuvosa chegou seis dias antes do que foi o anunciado pelo Serviço Meteorológico da Índia, mas os analistas advertem que isso não garante que o comportamento da monção será bom.

É que a Índia, onde cerca de 70% da população vive da agricultura - um setor que responde por um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) - é um país que depende muito de suas chuvas, e uma monção "ruim" marca, para muitos, o início de um período de desgraças.

Por isso, não são poucos os que, nos meses de maio e junho, olham freqüentemente para o céu, tentando adivinhar quando chegará a ansiada água, e contam os dias que faltam para que suas colheitas sejam finalmente banhadas pelo precioso líquido.

Mas os agricultores não são os únicos que olham para cima: o mesmo fazem os banqueiros, os investidores e até os membros do Governo, já que uma monção fraca pode causar estragos na economia do país e reduzir o crescimento econômico em vários pontos percentuais.

Nestes dias, nos quais o calor é asfixiante em grande parte do país e a escassez de água corrente se agrava inclusive na capital e nas principais cidades, os jornais publicam a cada dia um pequeno mapa que mostra o avanço das chuvas no subcontinente, e todos vigiam o progresso da monção.

As chuvas torrenciais mudam o dia-a-dia na Índia e, meses antes de sua chegada, as autoridades tentam preparar suas cidades.

Entretanto, por mais medidas que sejam tomadas, a monção quase sempre traz consigo o caos.

A falta de drenagem nas áreas urbanas e a escassez de limpeza das ruas faz com que as chuvas inundem calçadas e estradas, tornando impossível o transporte de carro ou a pé.

"Levar as crianças ao colégio se transforma em um grande problema: eles têm de estar de capa e guarda-chuva, mas, além disso, têm que levar consigo mais roupa na mochila para se trocar na escola, caso consigam chegar", disse à Efe Paramjit Kaur, residente de Nova Délhi.

"Há dias em que chove sem parar. Você pode ficar horas esperando que o tempo melhore e que a água baixe para poder ir trabalhar. Há gente que não consegue chegar, mas ninguém se estressa porque todo o mundo sabe os problemas que a monção provoca", acrescentou Kaur.

Quando as precipitações são fortes e contínuas, a desordem toma a cidade: começa a faltar produtos nos mercados, o transporte público pára, os comerciantes de rua não podem trabalhar durante dias, as casas se enchem de umidade, mas, como quase tudo na Índia, esses fatos são encarados com grande estoicismo e serenidade.

A monção também traz consigo a umidade, que provoca problemas de pele em muita gente e chega acompanhada pelos temidos mosquitos.

"É preciso ter muito cuidado, principalmente com as crianças, para protegê-las dos mosquitos que podem transmitir a malária e a dengue", diz Paramjit.

Mas os maiores danos da temporada de monção são, sem dúvida, as inundações que o fenômeno provoca, sobretudo no norte e no leste do país, onde a chuva se une ao degelo das neves do Himalaia, que desce pelos rios até o Golfo de Bengala.

A cada ano, a água arrasa povoações inteiras e centenas de pessoas morrem na Índia e em Bangladesh por causa das inundações, enchentes e deslizamentos de terra.

No ano passado, as chuvas torrenciais paralisaram durante uma semana a cidade de Mumbai, capital econômica do país, onde causaram a morte de centenas de pessoas e desabrigaram outras dezenas de milhares.

Mas, apesar os desastres, da confusão, dos transtornos e do caos, os indianos sabem que as chuvas trazem a vida e, portanto, olham fixamente para as nuvens e pedem a seus deuses que este ano os presenteiem com uma boa monção.





Fonte: EFE

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