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Internacional
Sexta - 26 de Maio de 2006 às 10:24

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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assina nesta sexta-feira uma série de acordos com a Bolívia que refletem a aproximação cada vez maior entre os dois países, tema que já gera polêmica na Bolívia.

Durante quarta visita de Chávez ao país em apenas cinco meses, será assinada uma série de acordos bilaterais que incluem a liberação de recursos venezuelanos para o lançamento da campanha para as eleições da Assembléia Constituinte, em 2 de julho.

A colaboração venezuelana na política boliviana já vem sendo notada com o trabalho de venezuelanos no cadastramento de eleitores que vivem no campo e não têm documento para votar no próximo pleito.

Segundo o Palácio Queimado, sede do governo da Bolívia, também está previsto o anúncio da chegada de dois bancos venezuelanos ao país, o aumento presença da petroleira PDVSA na Bolívia e o envio de técnicos da equipe de Chávez que vão auxiliar na reforma agrária boliviana. Polêmica

A relação entre os dois países já virou assunto na mídia. Na semana passada, a emissora de televisão Bolivisión perguntou nas ruas de Laz Paz: "O que você acha da presença e da ajuda do presidente venezuelano?".

As respostas foram variadas, mas houve quem questionasse o grau de aproximação entre os dois.

"Mas até o avião presidencial tinha que ser emprestado pelo presidente venezuelano? Não precisamos disso", respondeu um senhor.

A opinião reflete a visão de um importante segmento da sociedade boliviana.

Em entrevista à BBC Brasil por telefone, o vice-presidente do Comitê Pró-Santa Cruz de la Sierra, Jayme Santa Cruz, disse não concordar com essa influência crescente da Venezuela nos assuntos bolivianos.

"Isso é humilhação. Para que essa ajuda? Essa aproximação de Chávez e Morales vai acabar prejudicando nossa economia", disse.

O Comitê Pró-Santa Cruz é opositor das principais medidas de Morales, como a nacionalização dos hidrocarbonetos – que teve apoio de Chávez – e o projeto de recuperação de terras sem títulos, previsto na reforma agrária e cujos detalhes ainda estão sendo discutidos.

Ouvidos pela BBCBrasil, outros representantes da sociedade boliviana disseram temer que Morales se torne uma "sombra" de Chávez.

"É notória a intromissão de Hugo Chávez na gestão do país", criticou o presidente da Associação Boliviana de Ciência Política, Marcelo Varnoux.

"A impressão que muitos têm aqui na Bolívia é que saímos da subordinação dos Estados Unidos e, agora, estamos nos submetendo à Venezuela", acrescentou.

"Essa ingerência de Chávez é preocupante. A Bolívia não é um país acostumado à subordinação", disse Varnoux.

Para ele, quando a "esmola é demais o santo desconfia", e Morales já devia estar desconfiado dos créditos que Hugo Chávez vem prometendo ao país.

Entre eles, US$ 30 milhões para a construção de uma refinaria e a importação de diesel, com desconto, do território venezuelano.

Ao mesmo tempo, na Petrobras, segundo fontes do governo brasileiro, desconfia-se que técnicos venezuelanos também estejam auxiliando a Bolívia na nacionalização dos hidrocarbonetos.

"Eles estão em todos os lados e presentes nas decisões do governo", disse um interlocutor da empresa brasileira. "Afinidade"

O diretor de ciências políticas da Universidade Maior de San Andrés, Johnny Villarroel, discorda.

Para ele, ao se aproximar do governo venezuelano e se afastar de idéias como o Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos, a Bolívia se torna "mais independente" e com mais "chances de resolver seus problemas sociais".

A Bolívia – como já foi a Venezuela – faz parte da Comunidade Andina de Nações (CAN). Colômbia e Peru, que também integram a CAN optaram por fechar um acordo comercial com os Estados Unidos, medida rejeitada por Chávez e pelo governo Morales.

Villarroel e Varnoux concordam, porém, que existe "grande afinidade" entre os dois presidentes.

"Eles representam uma crítica ao sistema, que inclui o FMI (Fundo Monetário Internacional) e outros organismos internacionais", disse Villarroel.





Fonte: BBC Brasil

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