BR-364 é rota da prostituição infantil em Mato Grosso
O policial garante que a situação é grave e merece atenção de toda a sociedade. Segundo ele, em Mato Grosso são cerca de quatro mil quilômetros de rodovias federais fiscalizados apenas pela PRF. A prostituição também alcança níveis alarmantes ao longo da fronteira com a Bolívia, controlada pelo narcotráfico, onde crianças e adolescentes se prostituem por drogas. São aproximadamente 700 quilômetros de fronteira seca atendidos por apenas 300 policiais rodoviários.
Calonga também critica a realização de feiras agropecuárias sem a idealização de um plano de combate à prostituição, cujos índices assustadoramente durante esses eventos. Aliciadores e donos de boates trazem do estado de Goiás cerca de 100 meninas. “O que é grave é que é o próprio governo estadual que patrocina esse tipo essas exposições. Ou seja, acende muita vela para o mal e pouca vela para o bem”, lamenta o policial.
Para deputada federal Telma de Oliveira, que integra a Frente Parlamentar de Defesa da Criança e do Adolescente da Câmara dos Deputados, a maior violência que pode existir contra uma criança é o abuso e a exploração sexual. “Esse é um assunto do qual nunca podemos deixar de nos indignar”, disse ela durante a audiência na Câmara de Sorriso.
Ela cobrou dos vereadores de Sorriso a criação de uma frente parlamentar que encabece a mobilização de toda a sociedade na luta contra a prostituição infantil. “A criança tem que ser a prioridade. Deve-se consolidar uma agenda em favor da criança, verificar e incluir no orçamento do município recursos destinados à criança e fiscalizar as ações. São os programas sociais que ajudam a tirar as crianças da rua e afastá-las da prostituição”, enfatiza a deputada, que visitou 27 estados para investigar a exploração sexual infantil.
Em Mato Grosso, segundo Telma de Oliveira, o abuso contra crianças é generalizado. Ela confirma que a situação é mais crítica ao longo da BR-364. “É um escândalo. Às vezes, tiramos as meninas de dentro das boléias dos caminhões”, afirma. Uma parceria com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mantém uma campanha de orientação dos caminhoneiros. Com o slogan "Proteja como se fosse sua filha", a campanha incentiva com panfletos e através do rádio caminhoneiros e outros profissionais do transporte a denunciar situações de violência sexual e de abuso contra crianças e adolescentes nas estradas do Brasil.
As escolas, segundo a deputada, exercem papel fundamental na identificação da violência física e sexual contra crianças. “Os professores devem prestar atenção para a mudança repentina de comportamento da criança ou adolescente, o que pode indicar uma situação de violência sexual”, orienta. Os sinais emocionais, ao contrário dos físicos, são mais difíceis de serem identificados, por isso é preciso estar atento. Telma de Oliveira esclarece que as pessoas devem utilizar o Disque-Denúncia 100, um serviço gratuito para o cidadão informar às autoridades sobre a ocorrência desse tipo de crime em sua região. O Disque-Denúncia funciona gratuitamente, com total garantia de sigilo, de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h.
A deputada afirma que a questão não envolve só o sexo, mas também a inserção das crianças no mundo do álcool e das drogas. “Elas perdem toda uma possibilidade de teruma vida sexual normal e, a maioria, acaba entrando de vez na prostituição”. Crianças e adolescentes vítimas do abuso sexual podem ter uma visão muito diferente do mundo, ao contrário daquelas que cresceram em um ambiente familiar, amoroso e protetor. Meninos e meninas vítimas, sentem-se traídos e têm dificuldade em confiar nas pessoas ao seu redor. Com isso podem ter graves problemas de relacionamento social e sexual quando adultos.
Mato Grosso Dados da Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil (Pestraf), coordenada pela Universidade de Brasília, aponta Mato Grosso com 30 Municípios onde existe exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. O Estado ocupa o 19º lugar em quantidade de relatos sobre o problema.
São citados como rota de exploração sexual os municípios de Jangada, Poconé, Lucas do Rio Verde e Campo Verde. Já as cidades de médio porte como Alta Floresta e Matupá se condicionam a uma situação similar de abuso e exploração sexual aos municípios de grande porte como Cuiabá e Várzea Grande, com casos de tráfico e prostituição. A pesquisa também inclui Sorriso.
Sentinela Em Sorriso, está sendo implantado junto à sede do Conselho Tutelar o programa Sentinela, que tem a missão de garantir ações de atendimento especializado às crianças e adolescentes abusados e explorados sexualmente.
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