Descrentes do anúncio, produtores retomam bloqueio
Os produtores temem que mais uma vez sejam tomadas decisões paliativas, incapazes de sanar os problemas enfrentados no campo. O prefeito Adilton Sachetti (PPS) se diz descrente quanto ao resultado. Desde abril, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) editou dois pacotes emergenciais de atendimento ao setor, com a liberação de R$ 2,65 bilhões para a comercialização da safra 05/06. Contudo, questões estruturais que garantam a rentabilidade da atividade, como a redução das taxas de juros e do preço do diesel, assim como uma revisão na política cambial, que valorizou o real frente ao dólar, ficaram de fora.
Para o vice-presidente do Sindicato Rural de Rondonópolis, Gilberto Goellner, o principal entrave ao setor está relacionado com o câmbio, que faz com que os agricultores tenham prejuízos mesmo diante dos bons preços dos produtos agrícolas no mercado internacional. Ele acredita que sem a revisão da política cambial outras medidas de apoio ao setor serão inconsistentes. Outro ponto chave é a criação de uma linha de crédito para financiar a dívida dos produtores rurais junto ao setor privado. Cerca de 70% dos débitos agrícolas em Mato Grosso foram contraídos com fornecedores de agroquímicos, fertilizantes, máquinas e junto às tradings. “Sem essas medidas não há como os agricultores pensarem no plantio da próxima safra”. A redução no preço do diesel também é uma reivindicação do setor produtivo. O combustível responde por cerca de 30% das despesas com frete.
MERCADO -- O valor pago pela saca de soja colocada no porto de Santos, em São Paulo, é de R$ 29 na região Sul. Somente as despesas com frete abocanham cerca de R$ 11. Isso significa que o ganho livre por saca na região de Rondonópolis é de R$ 19, conforme explica Goellner. Cerca de 40% deste valor equivale aos gastos com óleo diesel. O combustível chega a custar aproximadamente R$ 4,4 por saca de soja comercializada. Ele acrescenta que a redução no preço do combustível é a terceira prioridade do setor, após questão cambial e das dívidas vencidas e a vencer.
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