Júri inocenta João Leite em chacina
O julgamento de João Leite era para ter acontecido na segunda-feira, quando se sentou nos bancos dos réus o ex-cabo da PM, Hércules Araújo Agostinho. Porém, a pedido da defesa, o caso foi desmembrado. Hércules foi condenado a 21 anos e seis meses de prisão.
O promotor de Justiça Mauro Benedito Pouso Curvo disse que pediu a absolvição porque havia dúvidas em relação a participação do réu no crime. No caso de Hércules e do ex-soldado da PM, Célio Alves, consta nos autos o retrato falado feito com base em depoimentos de testemunhas. “Há dúvida em relação à participação do João Leite neste crime. Na dúvida, é melhor que seja absolvido”, disse o promotor.
Os jovens Leandro Gomes dos Santos, Celso Borges e Mauro Celso Ventura de Moraes teriam sido abordados na avenida dos Trabalhadores, em Cuiabá, por duas pessoas. Elas teriam sido levadas para o local do crime por Célio Alves e Hércules. Em depoimento, ex-cabo disse que o contato com João Leite foi feito quando já estava em Várzea Grande. Os corpos das vítimas foram encontrados no dia 18 de junho de 2001, em uma cova rasa no bairro São Mateus.
Além de ter sido apenas citado no caso por Hércules, João Leite justificou como álibi que, na época do crime, se encontrava no assentamento Santo Expedido, em Juscimeira. Em 2005, quando foi ouvido em juízo, o ex-cabo também voltou atrás e disse que só incriminou o cobrador porque estava com raiva dele.
O motivo dos crimes, conforme o Ministério Público, foi uma vingança, já que os adolescentes teriam furtado R$ 500 de uma banca de jogo do bicho de propriedade de João Arcanjo Ribeiro, acusado de ser o mandante.
O advogado de defesa, Paulo Fabrinny, considerou “coerente” o pedido de absolvição. “Não existe nada nos autos que incriminem o João Leite, além do depoimento do Hércules. Há vários fatores que apontam para sua inocência. Na época do crime, inclusive, João Leite estava em um assentamento em Juscimeira”, disse.
Em depoimento no Tribunal de Júri, João Leite chorou quando relatava a sua versão sobre o caso. Para ele, Hércules só o incriminou pelo fato de ter prometido que iria ajudar a descobrir os executores e mandantes da execução do sargento José Jesus de Freitas, em 2001. “Ele (Hércules) sabia que eu considerava o sargento como um irmão e tínhamos muito respeito um pelo outro”. João Leite trabalhou para o sargento como segurança patrimonial e office boy.
Também já foi pronunciado pelo triplo homicídio, o ex-soldado da Polícia Militar Célio Alves, que está foragido. Já em relação ao bicheiro João Arcanjo Ribeiro, o processo está em fase de instrução.
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