MV Bill emociona adolescentes infratores reclusos no Centro Socioeducativo.
Bill está em Cuiabá, a convite da Central Única das Favelas (Cufa), para lançar o livro que tem o mesmo nome do documentário, filmado na favela carioca Cidade de Deus. Fez isso na segunda-feira (22) à noite, no Museu do Rio, Porto.
Ontem, no momento mais forte do encontro no antigo Pomeri, o interno "Fabinho" cantou um rap, de própria autoria, em homenagem a MV Bill, mas embargou a voz quando a letra diz sobre boas lembranças da família.
Bill insiste na filosofia de que qualquer mudança depende de quem quer e não somente dos caminhos oferecidos para isso. "Espero não encontrar nenhum de vocês na próxima visita que eu fizer aqui. Tomara que dê certo o trabalho lá fora".
O rapper se refere ao projeto de acompanhamento após alvará de soltura promovido pelo Centro Socioeducativo, o qual julga fundamental. Para o superintendente da unidade, Carlos Caetano, a saída é, de fato, um momento crucial, já que, dos que saem da reclusão, de 15% a 20% reincidem no crime. Não há pesquisa que aponte isso. Trata-se de estimativa.
Quando chegam à unidade, ainda segundo Carlos Caetano, 70% são adolescentes viciados, sem perspectiva. "A droga está associada ao crime", observa. A desintoxicação é, portanto, o primeiro passo para a reintegração.
Durante a internação, cada interno passa, de três em três meses, por uma avaliação, o que rende um relatório, que ajuda ou dificulta no processo de soltura.
Carlos Caetano discorda do discurso corrente que diz que adolescentes infratores são casos perdidos.
E aponta o projeto da Cufa como "um dos melhores" entre os já propostos, porque, além da equipe ensinar técnica, também fala sobre relacionamentos, sobre como se estruturar internamente, melhorar a auto-estima, mesmo percebendo que se é, na maioria absoluta das vezes, preto, pobre, com baixa escolaridade, usuário de drogas e marginalizado.
O projeto da Cufa é o "Consciência Hip Hop" por meio do qual os infratores fazem aulas de graffiti, break, MC e DJ.
Para MV Bill, as soluções para os problemas sociais que empurram esta juventude para o crime ainda estão muito distantes. Mas se diz satisfeito só de seu documentário ter fomentado a discussão. "As imagens causam constrangimento", avalia.
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