Prejuízos somam R$ 15 milhões para o Setor
Na avaliação do presidente da entidade, Marco Antônio Lorga, a manifestação dos produtores foi legítima e surtiu efeitos no sentido de provocar uma reação do governo federal face à necessidade de se dar uma atenção especial para Mato Grosso.
Até o início dos bloqueios no Norte de Mato Grosso -- região produtora de arroz -- há cerca de um mês, as indústrias produziam cerca de 100 mil toneladas (t) ao mês, e no momento as 64 beneficiadoras filiadas ao Siamt operam com 70% da capacidade ociosa.
“O movimento serviu para demonstrar, também à sociedade, a necessidade de valorização dos agricultores dentro do cenário econômico nacional. O que acontece é que nas cidades as pessoas não sabem valorizar o produtor, pois muitos não entendem que, sem agricultura, ninguém come, ninguém se veste e muitas coisas deixam de ser feitas”.
“A população precisa entender que a economia de Mato Grosso está lastreada na agricultura. E que, se este setor não funcionar bem, o Estado tem sua arrecadação comprometida e os investimentos param. O efeito é em dominó e todos saem atingidos de uma forma ou de outra”.
Lorga critica apenas a “forma de expressão” usada por parte dos produtores que participaram do movimento.
“Acho que a manifestação não deveria ter sido tão forte, a ponto de gerar insegurança na sociedade quanto ao abastecimento. A indústria também foi bastante penalizada porque ficou sem matéria-prima para trabalhar”, avalia o presidente do Siamt. “Sabemos que a mobilização dos produtores vale a pena, porque todos estão pensando num futuro melhor. Se agora tivemos este prejuízo e se as medidas de apoio ao setor forem de fato estruturantes, tudo isso terá sido bem feito, ou os protestos surtiram efeito. Até do dia 25, defendo que os produtores se mantenham mobilizados, mas chegou a hora de adotar a mobilização com responsabilidade”.
Segundo ele, as indústrias deixaram de faturar, no período dos bloqueios nas rodovias, cerca de R$ 15 milhões. Lorga aponta que este déficit “leva em conta as despesas com as diárias que tivemos de arcar de motoristas que trabalham para as indústrias e que ficaram presos por mais de 20 dias aqui no Estado”.
“Setenta por cento das empresas chegaram a ficar paradas momentaneamente porque não havia arroz para movimentar as indústrias. E boa parte das empresas que não paralisaram as atividades trabalhou com capacidade reduzida”.
GRITO -- O movimento Grito do Ipiranga teve início no dia 17 de abril, em Ipiranga do Norte (162 quilômetros de Sinop) e os bloqueios às rodovias foram iniciados no dia 24 de abril, nas cidades de Sinop e Lucas do Rio Verde. No último dia 9, os industriais aderiram ao movimento e realizaram bloqueios temporários no Trevo do Lagarto e carreata pelas principais avenidas de Cuiabá e Várzea Grande.
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