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Agronegócios
Segunda - 22 de Maio de 2006 às 07:15

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Produtores rurais de Mato Grosso estão com um olho nas decisões do Palácio do Planalto e outro nos pronunciamentos do presidente da Bolívia, Evo Morales. Além de dividir as atenções com os problemas nacionais que estão há dois anos inviabilizando a agropecuária nacional, surge uma nova preocupação: a reforma agrária boliviana, que promete a expropriação de terras no país vizinho que estiverem em situação irregular. Estimativas de lideranças mato-grossenses revelam que cerca de mil propriedades da Bolívia pertencem a produtores do Estado.

De acordo com o diretor da Associação dos Proprietários Rurais de Mato Grosso (APR/MT), Paulo Resende, essas mil propriedades se dividem entre lavouras de soja e pasto para pecuária. “Não temos como estimar o volume de hectares destas mil fazendas, mas são propriedades de todos os tamanhos”.

O ruralista conta que a notícia de uma reforma agrária -- precedida pela polêmica com a nacionalização do gás natural -- “causa apreensão nos produtores do Estado. Ninguém tem noção de como isso vai ser efetivado. Considero o anúncio do presidente boliviano uma agressão à democracia e à iniciativa privada”.

Resende aponta que apesar da união dos produtores mato-grossenses, por meio de associações, nada pode ser feito. “Isso é um assunto para ser tratado e abraçado pela diplomacia brasileira. E é isso que esperamos da União”.

A MEDIDA -- O ministro de Planejamento da Bolívia, Carlos Villegas, promete para até o início de junho os detalhes da reforma agrária boliviana. As primeiras informações dão conta que brasileiros e outros estrangeiros que não tiverem comprovante da compra de terras na Bolívia serão obrigados a entregá-las ao governo, que as distribuirá às comunidades indígenas do país.

Em uma entrevista a BBC Brasil, Villegas explicou que as medidas de “nacionalização” das terras e dos hidrocarbonetos bolivianos não devem causar surpresa ao Brasil ou a qualquer outro país. “Tenho certeza de que no Brasil não permitiriam a permanência de empresas e pessoas ilegais, que não respeitam a legislação brasileira. Se isso acontecesse, nos colocariam num avião e nos mandariam de volta para a Bolívia”.

A Constituição da República da Bolívia estabelece que nenhum estrangeiro tem o direito sobre a terra numa faixa de 50 quilômetros ao longo da fronteira.





Fonte: Diário de Cuiabá

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