Amorim discutirá crise do gás com Morales
A visita de Amorim, que deixa Brasília na tarde deste domingo, é considerada uma extensão do encontro entre os presidente Evo Morales e Luiz Inácio Lula da Silva durante a conferência entre nações da Europa e da América Latina em Viena. Na reunião, realizada em março passado, Morales acusou a Petrobras de trabalhar ilegalmente na Bolívia.
O objetivo da visita de Amorim é fortalecer os laços bilaterais em diversos setores, do político ao comercial, resumiu o ministro boliviano de Planejamento do Desenvolvimento, Carlos Villegas.
O chanceler brasileiro tem previsto reunir-se com as principais autoridades da Bolívia, entre elas o colega David Choquehuanca e os ministros da Presidência, do Interior, do Planejamento e da Defesa. O encontro com Evo Morales está marcado para a tarde de segunda-feira no palácio presidencial de Quemado, em La Paz.
Villegas antecipou que apesar da "relação gaseificada" entre a Bolívia e o Brasil, o tema da negociação do preço do gás boliviano não será evocado durante as reuniões com Amorim, pois existem comissões técnicas bilaterais criadas especificamente para isso. A Bolívia pretende aumentar em 60% o preço do gás.
Os dois países estão avaliando a situação da Petrobras na Bolívia após a nacionalização dos hidrocarbonetos decidida por Morales em 1 de maio passado, e também o abastecimento do Brasil em gás, já que 50% do gás consumido no país é procedente da Bolívia.
A viagem de Amorim corresponde a "uma visita política destinada a concretizar acordos comerciais", disse Villegas, acrescentando que "o objetivo é que a população boliviana possa constatar que o governo brasileiro está empenhado em manter nossa relação".
O governo boliviano, por sua vez, "confirmará a segurança jurídica" das companhias brasileiras "sob a condição de que elas respeitem as leis bolivianas", frisou Villegas.
De acordo com a chancelaria brasileira, Amorim também vai evocar na Bolívia "os aspectos relativos à proteção dos interesses dos brasileiros residentes" no país andino.
Muitos temem no Brasil uma eventual expropriação de terras na zona da fronteira entre os dois países, onde há muitos brasileiros.
A Constituição boliviana proíbe que estrangeiros se instalem a menos de 50 km da fronteira. Este foi um dos motivos pelos quais a empresa siderúrgica brasileira EBX foi obrigada este mês pelo governo boliviano a abandonar as ricas jazidas de ferro de Mutun.
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