Novo governo diz que Itália mostrará menos deferência aos EUA

A Itália vai mostrar menos deferência aos Estados Unidos agora que Silvio Berlusconi perdeu o poder, afirmou neste domingo o ministro das Relações Exteriores da nova coalizão de centro-esquerda italiana, Massimo D''Alema. D''Alema, que pretende promover uma rápida retirada das tropas italianas do Iraque, também sinalizou que a Itália sob o comando do primeiro-ministro Romano Prodi vai estar mais próxima de seus aliados europeus.

"Somos amigos dos Estados Unidos, mas menos subservientes quando se trata de escolhas que não acreditamos ser justas", disse D''Alema numa visita à Sicília.

"Se os Estados Unidos querem ter mais amigos sinceros, então precisam deixar de cometer certos erros."

As relações entre os Estados Unidos e a Itália mudaram desde que o conservador Berlusconi, um dos mais próximos aliados internacionais de Bush, perdeu para a coalizão de Prodi as eleições gerais de abril.

Prodi elegeu-se com uma campanha que previa a retirada dos 2.600 soldados italianos enviados por Berlusconi ao Iraque. Em seu primeiro discurso ao Parlamento, o ex-presidente da Comissão Européia chamou a guerra no Iraque de um "grave erro".

D''Alema, que também ocupa o posto de vice-premiê, deve fazer uma primeira reunião na quarta-feira para discutir um cronograma de retirada do Iraque.

Autoridades do governo indicam que ele busca acertar uma saída mais rápida que aquela planejada por Berlusconi, que previa o retorno de mil soldados até o fim de junho e o restante até o fim do ano.

"O apoio político que a Itália dará não será menor, mas pretendemos converter a nossa presença militar no Iraque numa presença de apoio civil", afirmou D''Alema.

A retirada do Iraque e a oposição de Prodi à guerra devem eliminar um obstáculo que separava a Itália de Berlusconi de seus tradicionais aliados europeus.

Ao apoiar a Guerra no Iraque liderada pelos norte-americanos, elogiar o presidente russo, Vladimir Putin, e criticar o euro, Berlusconi colocou seu país em rota de colisão com outros países europeus.

Os comentários de D''Alema sobre a reaproximação dos vizinhos europeus foram reforçados pelo novo presidente italiano, Giorgio Napolitano, que disse que a Itália não tem futuro se não abandonar o seu ceticismo com relação à Europa.