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Internacional
Sábado - 20 de Maio de 2006 às 21:00

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O presidente da Bolívia, Evo Morales, autorizou hoje o funcionamento de um terceiro mercado para a folha da coca no país, mas pediu aos cocaleiros que acabem voluntariamente com os cultivos ilegais e limitem a produção para combater o narcotráfico.

A autorização foi anunciada pelo ministro de Desenvolvimento Rural, Hugo Salvatierra, em um ato realizado na cidade de Caranavi, a 160 quilômetros de La Paz, onde Morales fez seu pedido.

O novo mercado permitirá que os quase 3.000 cocaleiros de Caranavi e regiões vizinhas vendam sua produção em La Paz, sem recorrer a outro mercado da capital boliviana controlado por produtores das províncias de Yungas Norte e Sul.

O outro mercado legal fica na região central de Chapare, no departamento (estado) de Cochabamba.

Segundo o Governo, o novo espaço comercial terá caráter temporário enquanto são concluídos os estudos sobre a demanda legal da folha, usada na Bolívia com fins culturais e medicinais, mas que também é matéria-prima na fabricação da cocaína.

Morales disse em Caravani que o cultivo da coca jamais será erradicado, mas deve ser controlado.

O presidente falou sobre o fracasso das políticas dos Governos anteriores para acabar com a produção excedente de coca, que consistiam em oferecer uma indenização aos camponeses e usar a força militar.

No entanto, Morales - que ainda é líder dos produtores de coca de Chapare - recomendou que as famílias organizem as plantações sob o controle dos sindicatos.

O pedido do presidente se refere a uma "redução voluntária" sem acabar com o plantio da coca, que seria acompanhado por um plano de industrialização da planta com "fins favoráveis à humanidade", que será implementado nas regiões de Yungas, Caranavi e Chapare.

Sem citar nomes, Morales disse que "algumas pessoas" defendem nos Estados Unidos a idéia de que a Bolívia vai se encher de coca e cocaína, porque tem um presidente cocaleiro.

"A melhor medida na luta contra o narcotráfico é a redução voluntária" e a produção organizada pelas famílias, insistiu o presidente, pedindo que os camponeses de Caranavi apóiem seu Governo e o "movimento político revolucionário".

Segundo relatórios oficiais, nas regiões de Yungas Norte e Sul e Caranavi há pelo menos 5.000 hectares excedentes de coca que devem ser erradicados, e 12.000 legais para atender ao consumo e usos tradicionais.

Na região de Chapare, estima-se que há 5.000 hectares ilegais da planta, e outros 5.000 de acordo com a legislação antidrogas.

Cada filiado a um sindicato pode cultivar uma superfície máxima de um "cato" (40 por 40 metros), com três colheitas anuais, o que rende cerca de 9.000 bolivianos (US$ 1.119), disse hoje à Efe o camponês Cruz Santiago Condori, de 64 anos, da comunidade Mundial, próxima a Caranavi.

O embaixador dos Estados Unidos, David Greenlee, já havia alertado que a criação de um novo mercado violaria a legislação antidrogas do país, que permite a existência de apenas dois mercados legais, um para Yungas Norte e Sul e outro para Chapare.

Os camponeses de Yungas se opuseram à criação do terceiro mercado, porque representa concorrência para sua produção em La Paz.

Morales também anunciou aos camponeses de Caravani um programa de industrialização do café, o principal produto da região, com a ajuda do Governo da Venezuela.

Ao final de seu discurso de quase uma hora, Morales cumprimentou os camponeses no estádio e depois jogou uma partida de futsal com as autoridades locais no estádio lotado.

No programa oficial, estava previsto que o presidente participasse de um ato de erradicação voluntária de cultivos de coca, mas este evento foi suspenso.




Fonte: EFE

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