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Sábado - 20 de Maio de 2006 às 13:56

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WASHINGTON - Marc Carroggio, espanhol de 38 anos estabelecido em Roma, viajou no início deste ano aos Estados Unidos em uma missão especial: a de transformar em uma doce limonada o que ele descreve como o resultado de limões azedos.

Os limões em questão não passam de um lúgubre retrato da Opus Dei, prelazia pessoal da Igreja Católica, feito em "O Código Da Vinci", do escritor Dan Brown, e que chegou ao cinema com o lançamento da versão cinematográfica do romance.

Carroggio, porta-voz da Opus Dei em Roma, há tempos se preocupa com a limonada, uma operação de relações públicas que ganhou força ao longo dos últimos dias às vésperas da estréia do polêmico filme.

O filme apresenta a Opus Dei sob uma luz negativa, ao introduzir o polêmico grupo católico através do personagem Silas, um monge cuja fervente devoção se traduz em sadomasoquismo e na vontade de matar uma freira em nome de Deus. Silas também ilustra a autoflagelação em busca de uma maior espiritualidade.

Em uma das cenas do livro, Silas se flagela com um cilício (cordão de ferro com pontas) até que o sangue começa a brotar do seu corpo, para depois destruir uma igreja e cometer outro assassinato. E tudo em nome da "Obra".

"Muita gente sabe que na Opus Dei não há monges, mas mesmo assim fica a imagem", disse Carroggio, que está em Nova York para ajudar na campanha de fortalecimento da imagem da "Obra" nos EUA.

"Estivemos em todos os programas de televisão, do ´Today Show´, da rede ´NBC´, até a ´CNN´", afirma o representante do grupo fundado pelo espanhol Josemaría Escrivá de Balaguer.

Uma das aparições televisivas aconteceu nesta quarta-feira durante o programa da apresentadora da CNN Paula Zahn, que perguntou a uma numerária da Opus - que renuncia ao casamento e vive em casas da "Obra" - se sentia que havia sofrido uma lavagem cerebral.

"Espero não te dar a impressão que me lavaram o cérebro", respondeu Tona Varela, que acrescentou: "Sou completamente livre, muito feliz e livre".

Varela vive na sede central da Opus Dei em Nova York, um edifício de tijolos vermelhos situado na esquina da avenida Lexington com a Rua 34, que tem entradas separadas para homens e mulheres, e que, diariamente, tem sido visitado por curiosos e turistas.

"Sinto não ter respondido sua ligação, mas ultimamente recebemos tantas que passamos muito tempo ao telefone", diz a secretária eletrônica de Peter Bancroft, porta-voz da "Obra" nos EUA.

Bancroft assegura que esse interesse é o efeito positivo do "Código Da Vinci", atenção que a organização tratou de utilizar para melhorar sua imagem. "A obra de Brown distorce muitas coisas e isso não é bom, mas também inspirou muita gente a estudar nossa história de forma mais profunda", disse Bancroft à Efe.

A maior visibilidade do grupo se traduziu na publicação de vários livros - como "Opus Dei", do jornalista americano John Allen -, um documentário sobre Escrivá de Balaguer e uma peça de teatro.

Os porta-vozes da conservadora organização católica reconhecem que o inesperado protagonismo os obrigou a descobrir as práticas que mantinham ocultas, como a da autoflagelação da qual se confessam assíduos, embora sem chegar aos níveis extremos do filme.

A "Operação Limonada" pode ter ajudado a Opus a melhorar sua imagem, mas para alguns, como a diretora de cinema chilena Marcela Said, ainda há sérias dúvidas sobre um grupo que descreve como "fundamentalista, hierárquico e paternalista".

Said apresentou esta semana em Washington seu documentário "Opus Dei: Uma Cruzada Silenciosa", no qual descreve a crescente influência política e econômica do grupo no Chile.

"São um grupo de pressão e que me dá um pouco de medo", disse Said durante a apresentação de seu documentário.





Fonte: EFE

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