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Nacional
Sábado - 20 de Maio de 2006 às 12:23

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O Brasil só precisa fazer a lição de casa para receber a Copa do Mundo de 2014. E isso passa por garantir a segurança e evitar que casos como a onda de violência que assola São Paulo se repita.

Quem afirma isso é Joseph Blatter, o presidente da Fifa, que deu ontem entrevista para alguns jornais, incluindo a Folha de S.Paulo, na sede da entidade, na Suíça.

"Ficou decidido que, pelo rodízio, a Copa de 2014 será na América do Sul. Recebi comunicado da Conmebol [a Confederação Sul-Americana de Futebol] dizendo que todos os países da região estão de acordo que o Brasil seja a sede. Assim, em 2008, quando será decidido o assunto, o Brasil será escolhido se cumprir o caderno de encargos, que é exatamente o mesmo que foi usado para a escolha de 2010 [África do Sul]", afirmou Blatter, que, pelo menos no discurso, acaba com a possibilidade de o Canadá também postular sua candidatura para 2014.

Questionado a respeito da matança de policiais e o revide do crime organizado que vigoram em São Paulo, o cartola afirmou acompanhar o caso de perto.

"É uma atrocidade, como outras que acontecem atualmente."

Depois, não deixou claro se isso poderia atrapalhar o Brasil, mas frisou que a segurança é um dos pontos decisivos na escolha do país-sede de um Mundial.

"A segurança é muito importante, mas não é assunto da Fifa. Os governos anfitriões é que são responsáveis por ela", resumiu Blatter, lembrando que a Alemanha precisou garantir a segurança na sua candidatura para a competição que começa em 9 de junho.

O cartola suíço foi evasivo se, caso seja mantida a situação atual, o Brasil poderá organizar um Mundial, que hoje tem seleções de 32 países na disputa e recebe milhares de turistas. "Não sou um profeta. A Copa do Mundo na América do Sul será só em 2014."

No caderno de encargos, o item segurança tem destaque. São feitas exigências que vão desde a confecção de ingressos nominais até todo o aparato e infra-estrutura no entorno dos estádios.

Blatter teceu outros comentários sobre as chances brasileiras para 2014. Disse que recebeu uma carta da federação chilena negando que o país, um oásis de crescimento contínuo na penúria sul-americana, tenha o desejo de competir com o Brasil.

E também voltou a afirmar que na sua gestão não será permitida a escolha de duas sedes, como aconteceu em 2002 com Coréia do Sul e Japão.

Questionado sobre o Maracanã, ele fugiu do assunto quando questionado se o local deveria estar na lista dos estádios que serão utilizados. "Isso vai estar definido na proposta dos brasileiros", afirmou o presidente da Fifa.

O governo Lula, que reduziu os investimentos em segurança, já sinalizou que vai apoiar a candidatura que será apresentada pela Confederação Brasileira de Futebol. Pela agenda de Ricardo Teixeira, o presidente da entidade, a prioridade atual é a construção e a remodelação de estádios.

No poder desde 1989, Teixeira já deixou claro que pretende continuar no cargo até que o Brasil volte a abrigar uma Copa, o que não acontece há 56 anos --até hoje só Itália, França, México e, agora, Alemanha tiveram o privilégio de abrigar o Mundial em mais de uma oportunidade.

Uma Copa no território nacional, o que daria à seleção brasileira mais chances de ganhar a taça e aumentar ainda mais o seu domínio dos últimos anos, não assusta Blatter por esse prisma.

"O Brasil tem méritos, e a sua popularidade é boa", concluiu o cartola, que fez troça quando lembrado que a supremacia brasileira pode causar algo parecido à monotonia da principal categoria do automobilismo nos tempos áureos do piloto alemão Michael Schumacher. "Não compare o circo da F-1 com a Copa."





Fonte: Folha Online

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