Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Sexta - 19 de Maio de 2006 às 08:27

    Imprimir


Recém chegada à Baixada Cuiabana, a cerveja Crystal vem tirando o sono dos revendedores de cerveja de Mato Grosso. Os primeiros a sentir os efeitos de mais uma concorrente -- em um mercado considerado já cativo pelas grandes marcas (Skol, Brahma, Antarctica e Kaiser) -- foram os revendedores do Vale do Araguaia, especialmente da cidade de Barra do Garças -- porta de entrada da Crystal no Estado --, onde a bebida é líder de mercado.

A Cervejaria Petrópolis, dona das marcas Crystal e Itaipava, também lidera o mercado na região de São José do Rio Preto, em São Paulo. Em Mato Grosso, a cerveja Crystal abocanha a maior fatia do setor cervejeiro em Primavera do Leste e Rondonópolis, Centro Leste e Sul do Estado, respectivamente, e já começa a atuar com bastante intensidade em Colíder, Cuiabá, Cáceres e Várzea Grande.

Há cerca de um ano, as denúncias contra a atuação da Crystal em Mato Grosso foram encaminhadas ao DIÁRIO, período em que se desencadeava a Operação Cevada. Por motivos óbvios, os empresários pediram para não ter seus nomes revelados, por medo de represálias.

O assuntou veio à tona novamente porque, segundo os revendedores das marcas líderes, a atuação das revendas da Crystal em Cuiabá e Várzea Grande permanece sendo feita “de maneira desleal”. A Crystal é distribuída atualmente por 12 revendas espalhadas de Norte a Sul de Mato Grosso. (Veja quadro)

Os empresários exclamam que no intervalo de um ano “a Crystal teve um crescimento astronômico, tanto em nível de Brasil, quanto em Mato Grosso”. Há doze meses, a Crystal, de acordo com a pesquisa Nielsen, detinha 5,2% do mercado brasileiro de cervejas. Em abril deste ano, últimos números da pesquisa revelam incremento na participação, que agora chega a 6,4%. “Esse aumento de 1,2 pontos percentuais, ou cerca de 20%, significa alguns milhões de caixas de cervejas comercializadas a mais neste intervalo. Algo impressionante para o setor”.

No documento enviado ao DIÁRIO, os empresários afirmam que o domínio da Crystal na região tem se dado em condições “inalcançáveis pelas revendas que atuam legalmente, em termos tributários”.

Um dos empresários explica que a atuação das revendas da concorrente Crystal resume-se à “concorrência desleal, porque todas as outras revendas de bebidas recolhem em torno de 50% de tributos (contabilizando todos os impostos que incidem sobre a cerveja, como IPI/ICMS/PIS-COFINS) na fonte, ou seja, os fabricantes (Ambev e Kaiser) retêm os impostos dos revendedores à vista, no momento em que compram o produto dentro das fábricas. As indústrias recebem o valor integral e são responsáveis pelo repasse dos tributos aos cofres públicos, prática não realizada pelas revendas da Crystal no Estado”.

Um dos empresários -- revendedor de uma das marcas líderes -- explica que na prática as revendas da Crystal em Mato Grosso só tributam a quantidade de cerveja que acharem conveniente. “Muito do que é comercializado pelas revendas da Crystal no Estado é fruto de sonegação. Com isso eles conseguem um preço final ao consumidor muito baixo e forçam o mercado a um referencial artificial. Por isso, no preço de pauta da Secretaria da Fazenda a Crystal 600 mililitros (ml), tem valor médio para incidência do ICMS de R$ 1,76, enquanto as outras marcas não têm pauta abaixo de R$ 2. Imagina uma alíquota de 25% sobre R$ 1,76 e os mesmos 25% sobre R$ 2?”.

O mesmo empresário completa: “Se a Crystal roda mais de 1,8 mil quilômetros até chegar ao Estado, como ela pode ter um preço final ao consumidor abaixo das cervejas que são adquiridas aqui na Ambev (Cuiabá) ou mesmo na fábrica da Kaiser, também instalada na Capital?”.

Os revendedores afirmam que as práticas de mercado das revendas mato-grossenses da Crystal não terão “vida longa”, principalmente na Baixada. “A Ambev vai combatê-los com muita força”. A afirmação é fruto da lógica que rege as ações do conglomerado de bebidas. A Baixada Cuiabana entra nas pesquisas da Nielsen -- especialista na sondagem de mercados consumidores. “A Crystal, ao entrar no mercado da Capital, está mexendo no share local e nacional e isso mexe no bolso dos executivos da Ambev. No interior, a Nielsen não atua. E a Ambev é muito temente às pesquisas de mercado”.





Fonte: Diário de Cuiabá

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/300222/visualizar/