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Cidades/Geral
Quinta - 18 de Maio de 2006 às 07:15
Por: Rosi Dmingues

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Os casos de abuso sexual lideram o ranking da violência contra crianças e adolescentes em Mato Grosso. Representam 64% de um total de 1,5 mil notificações atendidas no ano passado, pelos oito municípios mato-grossenses que contam com o Programa Sentinela.

A faixa etária de 7 a 14 anos é a mais afetada, pois contabilizou sozinha 475 ocorrências. Em segundo lugar estão as denúncias de exploração sexual, com 133 casos, entre as idades de 7 a 18 anos.

Na Capital, só nos primeiros três meses deste ano, o programa atendeu 28 casos, três deles de exploração e 20 de abuso sexual, número que assusta porque representa sozinho 70% do total.

Em municípios do interior, como Alta Floresta, Peixoto de Azevedo, Apiacás, Rondonópolis, Sinop e Cáceres, a situação é pior.

Dados da Secretaria de Emprego, Trabalho, Cidadania e Promoção Social (Setecs) revelam que Cáceres, por exemplo, está no topo da lista, com 92 notificações, praticamente uma por dia. Depois vem Sinop, com 77, e em terceiro Peixoto de Azevedo, com 56.

Para o superintendente da Assistência Social da Setecs, Aguinaldo Garrido, é preciso ser cuidadoso ao analisar os números, já que o aumento pode significar apenas que a sociedade acordou para o problema e está denunciando mais.

Ele explica que os investimentos na área ainda são tímidos diante de todo aparato dos criminosos e a rede de proteção ainda é bastante fragilizada e tímida.

"A estrutura que patrocina e dá manutenção à exploração, pelo contrário, é muito articulada e detém de um poderio econômico grande. São redes de hotéis e inúmeros agenciadores que ganham dinheiro com a destruição humana".

Desde janeiro Garrido está trabalhando com a expansão do Sentinela para mais 22 municípios, além dos 8 onde já existe desde 2001. Todos eles estão na rota da exploração sexual de crianças e adolescentes, ainda assim, existe falta de interesse dos gestores das localidades com a questão. A vitimização das crianças esquenta o mercado e o potencial turístico de diversas cidades.

"É uma luta. Não há o envolvimento necessário, em muitos lugares os Conselhos Municipais que deveriam preservar o direito só existem no papel, não há interlocução da sociedade civil com o poder público, as desculpas para emperrar o processo são inúmeras".

Porta de entrada para pelo menos 60% das denúncias, os Conselhos Tutelares funcionam precariamente na maior parte das 141 cidades do Estado. Em geral, não contam com sede própria e adequada, veículos, equipamentos (computador, impressora ou fax) e telefone. "Vejo heróis e heroínas atuando em nome de uma causa que deveria ser de todos nós. Muitos conselheiros fazem o trabalho a pé ou de bicicleta, arriscam às vezes a própria vida", acrescenta o superintendente.





Fonte: A Gazeta

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