Indústria de cana do Brasil patina para garantir margens
A indústria sucroalcooleira do Brasil tem enfrentado dificuldades para garantir margens de lucro, em meio ao aumento de custos de produção e à estagnação dos preços de açúcar e etanol, apontam especialistas.
A recente recuperação dos canaviais, com moderado aumento de safra e de produtividade esperado para a temporada 2013/14, tende a amenizar a situação, mas ainda não será suficiente para compensar a conjuntura de aperto da indústria, uma vez que os custos com mão de obra, terra e insumos agrícolas devem seguir firmes.
A conceituada consultoria Datagro calcula um custo de produção na atual temporada, praticamente concluída, perto de 21 centavos de dólar por libra-peso.
Já o contrato referência do açúcar na ICE Futures, de Nova York, base para o mercado internacional, opera pouco acima de 18 centavos de dólar por libra.
Um preço de açúcar abaixo do custo de produção e um consumo de etanol pouco satisfatório acabaram minando a indústria, segundo o diretor da Datagro Guilherme Nastari, acrescentando que algumas chegam a operar com prejuízo.
"Então, (a indústria) está sem receita nos dois mundos. É por isso que tem o estresse... porque o setor tem um custo operacional maior do que o que ele está ganhando", disse.
A situação atual do açúcar difere da vivida em outros ciclos, como em 2007/08, quando o setor ainda conseguiu compensar as dificuldades com um bom mercado do etanol, exemplificou o diretor da Datagro.
Naquele ciclo, quando o preço do açúcar estava baixo, o excedente de sacarose no mercado interno foi destinado à produção de etanol, em meio à crescente demanda por hidratado (utilizado nos carros flex fuel).
"Qual é a diferença agora em 2012? O hidratado não conseguiu ter o papel que teve em 2007, ou seja, com esse controle de preços da gasolina, não se vendeu tanto hidratado", explicou.
Com os preços da gasolina inalterados na bomba, o etanol hidratado ficou desvantajoso frente ao combustível fóssil na maior parte dos Estados do Brasil na safra atual.
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