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Terça - 16 de Maio de 2006 às 08:24
Por: Sergio Edson

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Liderados pelo prefeito Ilberto Effting, produtores rurais, empresários, vereadores, autoridades e lideranças comunitárias de Ipiranga do Norte engrossam na manhã desta terça-feira (16) as manifestações do movimento Grito do Ipiranga na BR-163, em Sorriso. Cerca de 450 pessoas lotaram ônibus, caminhões, caminhonetes e veículos de passeio. Um grupo de aproximadamente 300 mulheres do município promove um grande ato no local de concentração, frente ao Posto 2000.

Também participam dos protestos o comércio, revendas de produtos agrícolas, autoridades, políticos e trabalhadores rurais de Sorriso. “Pedimos a todos os segmentos da sociedade que queiram alguma coisa melhor para a nossa região que participem conosco das manifestações desta terça-feira”, convida o vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), Nadir Sucolotti.

Effting baixou ontem (15) um decreto suspendendo o atendimento interno e externo da prefeitura. Funcionam apenas os serviços essenciais. Nesta terça-feira, acontece em Brasília uma reunião entre o presidente Lula, ministros, governadores, lideranças rurais e produtores para debater soluções definitivas para a crise no campo.

O prefeito de Ipiranga do Norte, município onde tiveram início no dia 18 de abril as manifestações do movimento Grito do Ipiranga promovido pelos produtores rurais que hoje bloqueiam rodovias nos estados produtores de grãos, não esconde sua decepção com as medidas agrícolas divulgadas na última sexta-feira (12) pelo Governo Federal. “As medidas anunciadas ajudam, mas são extremamente tímidas”, lamenta Effting, que defende a manutenção dos protestos. O prefeito avalia que os agricultores não devem desmobilizar o movimento, apesar da decisão da Justiça Federal que obriga o fim da ocupação das estradas.

Hoje (16), produtores, empresários e políticos de todo o país também ocupam a Explanada dos Ministérios, em Brasília. O ministro Roberto Rodrigues disse que até o dia 25 de maio deverá ser anunciado um novo pacote de medidas. Os agricultores reivindicavam, entre outros pontos, três ações principais: câmbio fixo, subsídio ao diesel utilizado na produção agrícola e nova renegociação de dívidas.

A área plantada com soja no Mato Grosso deve cair 30% por causa dos custos de produção. A crise no campo também afetará o trabalhador rural. Mais de 100 mil deverão perder o emprego em Mato Grosso, segundo o presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato), Homero Pereira. Pelo menos 50 mil trabalhadores já teriam sido demitidos no Estado.

A falência do setor agrícola também já afeta a saúde econômica dos municípios mato-grossenses. A queda é de 27%, em média. “Se o Governo Federal não se sensibilizar com a situação e buscar uma solução concreta para a crise na agricultura vamos, as prefeituras enfrentarão dificuldades para manter os serviços”, informa Ilberto Effting. O prefeito destaca que Ipiranga do Norte é um município dependente da agricultura. "O nosso município é movimentado 100% pelo setor agrícola, 95% dos agricultores estão trabalhando no vermelho, isso quer dizer que a nossa economia está quase que totalmente no vermelho".

A produção média de soja está estimada em 1 milhão de sacas, aparecendo no ranking estadual entre os 10 maiores produtores do grão. Segundo Effting, com o preço da soja cotado a R$ 14 a saca de 60 quilos, os produtores estão trabalhando com prejuízo de R$ 10 por saca. "O preço de produção nesta safra em Ipiranga do Norte é de R$ 24 a saca, como poderemos continuar nas lavouras quando praticamente estamos pagando para trabalhar? Isso não tem condições de continuar", argumenta.

A área plantada nesta safra no município foi de aproximadamente 265 mil hectares. Deste total, 200 mil hectares são cultivados com soja, 40 mil com milho safrinha, 20 mil com arroz e quatro mil hectares com algodão.





Fonte: Clichoje

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