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Cidades/Geral
Terça - 16 de Maio de 2006 às 07:06
Por: Joanice de Deus

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Motoristas e cobradores do sistema de transporte coletivo de Cuiabá e Várzea Grande entraram em greve ontem por tempo indeterminado. A paralisação da categoria prejudicou cerca de 250 mil usuários nas duas cidades.

Apesar da Justiça do Trabalho ter concedido liminar determinando a manutenção da frota mínima de 60% nos horários de pico e 30% nos demais períodos, poucos ônibus circularam. Os carros ficaram parados nas garagens, onde os grevistas fizeram piquetes desde as primeiras horas da segunda-feira.

Na garagem da empresa Norte Sul, que fica Fernando Corrêa, policiais militares tiveram que acompanhar a liberação de doze dos 69 ônibus, que estavam estacionados no pátio da empresa. Nenhum coletivo da Pantanal Transportes circulou. A Justiça determinou multa diária de R$ 5 mil pelo descumprimento da liminar.

Vários coletivos tiveram os pneus esvaziados ou furados por um instrumento pontiagudo chamado de “aranha”. Apenas pela manhã, o setor de Gestão de Segurança da Associação Mato-grossense dos Transportadores Urbanos (MTU) levantou que 42 veículos, entre ônibus e microônibus, tiveram os pneus furados.

Além disso, coletivos foram depredados (vidros quebrados). Foi o que aconteceu com o carro 519 da empresa Auto Viação Princesa do Sol, que faz a linha Vila Verde-Centro. O veículo teve os dois pneus dianteiros furados e, mesmo assim, os passageiros queriam que o motorista continuasse a viagem até o centro da Capital. Como não foi possível, usuários revoltados teriam jogado pedras e quebrado os vidros.

O secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Terrestres (Sttet), João Batista de Souza, garantiu que o movimento grevista é pacífico e que a categoria não é responsável pelos pneus furados ou depredação dos carros. A frota hoje é de 550 carros.

Durante toda a manhã, os pontos de ônibus ficaram lotados de passageiros. Muita gente perdeu a hora e chegou atrasada no trabalho ou na escola. “Estou atrasado mais de uma hora”, disse o analista de sistema Francis Camargo de Amorim, 24 anos, morador do Parque Cuiabá.

Alguns estabelecimentos escolares também liberaram os alunos mais cedo. “A direção resolveu liberar porque faltaram muitos alunos. Tivermos apenas as duas primeiras aulas”, disse a estudante Fernanda Laura Alves, 13 anos, da Escola Estadual Souza Bandeira, no bairro Shangrilá.

Muitas pessoas recorreram ao serviço de moto-taxista, que aumentaram em mais de 30% as corridas. "Já fiz 13 corridas. Em um dia normal, não teria feito três", disse Renato Lima dos Santos.

Os trabalhadores reivindicam a redução da jornada de trabalho de 7h20 para 6 horas diárias, proibição de horas extras, pagamento do adicional de penosidade ou insalubridade de 30% sobre o salário, plano de saúde sem ônus para o empregado, manutenção dos direitos já conquistados e reajuste de 15%. Atualmente, o salário de um motorista é de R$ 1.037. Já o cobrador ganha R$ 750.

Desde abril o sindicato está tentando negociar o dissídio coletivo com os empresários. A última proposta feita pelos empresários e rejeitada pela categoria consistiu em redução da carga horária para 6 horas diárias, 2% do valor do plano de saúde, que deverá ser administrado pelo sindicato, e reajuste salarial de 4,5% de acordo com o INPC.





Fonte: Diário de Cuiabá

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